Infográfico - Tudo sobre

PARA SABER MAIS

 

  • Os benefícios da educação inclusiva para estudantes com e sem deficiência, Thomas Hehir (coordenação), Instituto Alana  ABT Associates (2016): bit.ly/beneficioEducacaoInclusiva
  • Efeitos de um modelo de sala de aula inclusiva sobre o desempenho acadêmico de estudantes com e sem deficiência. Lise Saint-Laurent, Jean Dionne, Jocelyne Giasson, Éagide Royer, Claude Simard, Brigitte Piérard, somente em inglês (1998):  doi.org/10.1177/001440299806400207
  • A escola e suas transform(ações) a partir da educação especial na perspectiva inclusiva – Relatório III, Maria Teresa Eglér Mantoan (coordenação), MEC, OEI, Leped/Unicamp (2014): bit.ly/RelatorioEducacaoInclusiva_MEC
  • O impacto da inclusão de crianças com deficiência intelectual em classes regulares sobre o desempenho acadêmico de seus pares com baixo, médio e alto desempenho, Rachel Sermier Dessemontet e Gérard Bless, somente em inglês (2013): www.tandfonline.com/doi/abs/10.3109/13668250.2012.757589
  • vO impacto de incluir alunos com necessidades especiais em escolas regulares sobre o desempenho de seus pares, Afrodite Kalambouka, Peter Farrel, Alan Dyson e Ian Kaplan, somente em inglês (2007): bit.ly/2lAg1PI
  • Turma faz estudo de cultura afro-brasileira em português e em Libras (relato de experiência), Diversa (2016): bit.ly/relatoLibraDiversa

 

educação inclusiva gera efeitos benéficos a todos os estudantes, não apenas àqueles que têm alguma deficiência. Além de promover ganhos na socialização e no desenvolvimento emocional de todos, ela favorece o desenvolvimento cognitivo de crianças e jovens com deficiência. Em certos contextos, o convívio favorece também o desenvolvimento intelectual e socioemocional dos alunos sem deficiência.

 

Esses são alguns dos principais achados do estudo “Os benefícios da educação inclusiva para estudantes com e sem deficiência”, coordenada pelo professor Thomas Hehir, da Escola de Educação de Harvard, lançado em 2016 pelo Instituto Alana e ABT Associates. A análise compila resultados de mais de 89 estudos, selecionados num universo de 280 artigos publicados em 25 países, realizados por meio de diversas metodologias e com diferentes populações de estudantes.

“A magnitude dos benefícios da educação inclusiva pode variar de um estudo para outro, mas a grande maioria reporta benefícios significativos para os alunos que são escolarizados ao lado de seus pares sem deficiência — ou, na pior das hipóteses, não mostra diferenças entre os estudantes incluídos e não incluídos”, aponta a pesquisa.

Isso porque a educação inclusiva diz respeito a diferenças humanas presentes em cada um dos estudantes e que precisam ser atendidas. “A cada dia descobrimos novos níveis a serem discutidos quando abordamos essa diversidade”, assinala Rodrigo Hübner Mendes, diretor do Instituto Rodrigo Mendes.

No caso dos alunos com deficiência, a inclusão favorece o desenvolvimento de habilidades em leitura e Matemática e reduz a propensão a incidentes comportamentais. As pesquisas analisadas por Hehir indicam ainda que eles estão mais aptos a completar o Ensino Médio do que os que não estão incluídos. Quando adultos, esses estudantes têm maior propensão a ingressar no ensino superior, a encontrar um emprego ou viver de forma independente.

No Brasil

Mesmo diante do fato de que ainda falta muito a avançar no Brasil para garantir a inclusão com qualidade, há estudos sobre a realidade brasileira que já identificam resultados positivos. É o caso da pesquisa “A escola e suas transform(ações) a partir da educação especial na perspectiva inclusiva”, de 2014, coordenada por Maria Teresa Eglér Mantoan, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa foi realizada em 96 escolas de 48 municípios que integram o programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, do Ministério da Educação (MEC). Foram ouvidas 357 pessoas entre diretores, coordenadores pedagógicos, professores de sala de aula comum, professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e pais ou responsáveis.

“Os professores da sala de aula mudaram algumas de suas práticas, passaram a fazer descobertas importantes e sentiram seu trabalho mais valorizado, ao reconhecerem o potencial de cada estudante”, descreve o estudo brasileiro. Com isso, os docentes perceberam que a inclusão possibilita o reconhecimento de que “as pessoas têm tempos e modos diferentes de aprender e passaram a valorizar os pequenos avanços escolares de cada um”.

Um olhar para todos e para cada um

O Brasil tem verificado nos últimos 20 anos um avanço significativo no número de estudantes com deficiência estudando na mesma sala de aula que os alunos sem deficiência. Há, porém, ainda muitos desafios para garantir que essa inclusão seja realizada com qualidade, e contemple toda a educação básica. (Sobre o desafio da inclusão no Ensino Médio, leia o Aprendizagem em Foco n.15 - bit.ly/AprendizagemFoco15)

Transformar a escola em um ambiente inclusivo não se resume a colocar, lado a lado, numa mesma sala de aula, estudantes com e sem deficiência. A inclusão se efetiva e aporta benefícios para o conjunto do alunado quando as práticas pedagógicas se pautam pelos pontos fortes e pelas necessidades de cada aluno, independentemente de terem ou não deficiência.

Novamente, a pesquisa coordenada por Hehir aponta que a maneira como a inclusão é operacionalizada faz a diferença nos impactos para o conjunto de estudantes. Uma gestão adequada das salas de aula inclusivas – o que se traduz, de acordo com a pesquisa, em instrução adaptativa (estratégias e objetivos de aprendizagem flexíveis), consulta colaborativa e ensino cooperativo entre professores de educação especial e geral - tende a produzir bons resultados.

Da teoria à prática

O conceito de desenho universal, forjado na área da arquitetura nos anos 1960, vem se difundindo no campo da pedagogia. Envolve a apresentação dos conteúdos em múltiplos formatos, o desenvolvimento de diversos meios de ação e expressão e a existência de vários meios de interação com o conteúdo. Desse modo, possibilita o desenvolvimento de práticas na sala de aula e na escola que, por um lado, favorecem a inclusão dos alunos com deficiência e, de outro, repercutem positivamente para o conjunto dos alunos.

A experiência de algumas escolas traz pistas do caminho que os educadores podem percorrer para o desenvolvimento de metodologias de ensino e aprendizagem que contemplam a diversidade. A Escola Estadual Roldão Lopes de Barros, em São Paulo, desenvolveu um projeto de estudos de gêneros textuais em Língua Portuguesa e em Língua Brasileira de Sinais (Libras) com o objetivo de melhorar o relacionamento de uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental. Dos 35 alunos da turma, oito tinham algum tipo de deficiência auditiva.

Inicialmente, as atividades foram realizadas na sala de AEE, para que alunos sem deficiência tivessem contato com os equipamentos e as tecnologias usadas com os estudantes com deficiência e aprendessem Libras, facilitando o diálogo entre os alunos da turma e a produção de textos em conjunto sobre o tema escolhido: a cultura afrobrasileira. Docentes de várias disciplinas se envolveram, enfocando, na sala comum, questões relacionadas ao tema do projeto, ao mesmo tempo em que os estudantes aprendiam e se comunicavam usando a Libras.

Dessa forma, estabeleceu-se um canal de comunicação entre ambos os grupos, favorecendo a convivência e as interações nas atividades didáticas, acarretando a diminuição dos conflitos entre os alunos e o estreitamento de seus vínculos.

Gestão

Educação inclusiva é positiva para todos

Apresentação de Rodrigo Mendes no Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio

 

Efeitos sobre o desempenho

A convivência de estudantes com e sem deficiência numa mesma sala de aula produz efeitos positivos na maioria dos casos, quando se analisa o desempenho dos estudantes sem deficiência. Uma pesquisa de 2007 da Universidade de Manchester, na Inglaterra, com base em 26 estudos desenvolvidos nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Irlanda, concluiu que a maioria (81%) dos alunos sem deficiência que estudam em salas de aula inclusiva ou não foram impactados ou tiveram ganhos no seu desenvolvimento acadêmico – respectivamente, 58% e 23% dos estudos analisados.

Outro resultado aferido por diversas pesquisas analisadas no estudo do Instituto Alana diz respeito à visão de mundo e à percepção da diversidade como um valor: pessoas sem deficiência que estudam em ambientes inclusivos têm menos opiniões preconceituosas e são mais receptivas às diferenças.

Foto: João Neto-ACS/MEC

Nº 24 - fev.2017

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Aprendizagem em Foco é uma publicação quinzenal produzida pelo Instituto Unibanco. Tem como objetivo adensar as discussões sobre o contexto educacional brasileiro, a partir de pesquisas, estudos e experiências nacionais e internacionais.

 

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