Ensino Médio em pauta

Resultados negativos no Ideb aceleram propostas do governo para mudar essa etapa da educação básica e o Enem, o que gera nova onda de ocupações nas escolas do país

Em 2016, a sociedade colocou o Ensino Médio em pauta. Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para essa etapa foram divulgados em setembro e não atingiram a meta prevista. Isso levou o governo federal a colocar como uma das prioridades do Ministério da Educação (MEC) uma reforma para esses últimos anos da educação básica. Um projeto de lei que já estava em tramitação na Câmara dos Deputados foi reformulado e enviado ao Congresso Nacional como Medida Provisória, de nº 746/2016. Também foram anunciadas mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que devem valer já para sua próxima edição.

 

A forma como foram tratadas essas questões, sem uma discussão prévia e ampla com estudantes, professores e a sociedade em geral, provocou uma nova série de manifestações e ocupações de escolas e universidades, intensificando o movimento ocorrido em 2015 em diversas regiões do país. Mais de mil instituições de ensino foram ocupadas por seus alunos em 2016. A mobilização dos jovens revelou sua vontade de participar da vida escolar e mostrou que, se um diálogo não for aberto para incluí-los, uma reforma do Ensino Médio dificilmente conseguirá implementar mudanças que atendam às suas reais necessidades educacionais.

 

É importante ressaltar que a flexibilização das trajetórias no Ensino Médio, constante da reforma, tem potencial para tornar a escola mais interessante para os jovens, ao possibilitar a eles fazer escolhas mais afinadas com seu projeto de vida. Porém, um dos pontos que merecem atenção é a forma de implementação. Se as mudanças não estiverem subordinadas a uma política de promoção da equidade, que destine investimentos para as redes de ensino e a formação dos profissionais de educação, pode haver um aumento nas desigualdades educacionais.

 

Caberá à Base Nacional Comum Curricular trazer mais equilíbrio para a pauta do Ensino Médio, já que representa um avanço ao definir o conteúdo que todos precisam aprender e as expectativas de aprendizagem em cada série. Por isso, a conclusão e divulgação da parte específica dessa etapa é imprescindível para que a reforma consiga promover, de fato, as melhorias pretendidas e necessárias.

 

A participação dos estudantes é fundamental para implementar mudanças no Ensino Médio que sejam aderentes às reais necessidades educacionais das juventudes.