Pedro Moreira Salles

Presidente do Conselho de Administração

FOCO DA GESTÃO
É O ALUNO APRENDER

Boas práticas de gestão podem e devem ser aplicadas nas escolas e na construção de um projeto de educação para o país

O s resultados educacionais brasileiros estão longe do desejado, especialmente no Ensino Médio. Sabemos que muita coisa vem sendo feita, mas não temos dúvida de que é preciso fazer muito mais. Apenas 61% dos nossos jovens de 15 a 17 anos estão frequentando o Ensino Médio. Uma parte está atrasada, mas a dura realidade é que 16% desse jovens estão mesmo longe das salas de aula.

 

Tão importante quanto o universo de alunos que vão às escolas, no entanto, é a qualidade da aprendizagem proporcionada por elas. Nesse sentido, o Ideb, que mede a proficiência e a aprovação nas redes estaduais de ensino, divulgado no ano passado, ratifica que o Ensino Médio se mantém em situação de extrema fragilidade. O índice apresentou pequena oscilação positiva, chegando a 3,5, muito abaixo da meta de 3,9 estimada para 2015.

 

O Instituto Unibanco tem apostado, acima de tudo, numa ferramenta que pode ser um passo decisivo para transformar essa realidade: a gestão com foco na aprendizagem.

 

Boas práticas de gestão podem e devem ser aplicadas nas escolas e na construção de um projeto de educação para o país. Investir nelas é dar condições para o surgimento de iniciativas, nas escolas e nas secretarias, que possam lançar luz sobre os processos de aprendizagem e ajudar a produzir evidências sobre avanços e estagnações desse processo.

 

O Jovem de Futuro, iniciado em 2007, foi criado, implementado e é permanentemente aprimorado seguindo exatamente esse princípio. O projeto contribui para que os gestores persigam metas de aprendizagem, e isso se dá por meio de uma parceria sólida com as secretarias estaduais de educação, que não envolve qualquer transferência de recursos financeiros.

 

No ano de 2016 divulgamos o resultado da pesquisa de avaliação de impacto do Jovem de Futuro. Durante o Seminário Internacional Caminhos para Qualidade da Educação Pública: Impactos e Evidências, mostramos que, nos estados onde implementamos o projeto, a proficiência em Língua Portuguesa e Matemática, medida pela escala Saeb, ficou cinco pontos acima do que teriam alcançado sem o trabalho conjunto dessa parceria. Isso equivale a quase um ano a mais de estudos.

 

Temos plena consciência de que a gestão é apenas uma parte da solução, mas acreditamos fortemente que, se uma boa gestão não é suficiente para mudar por si só o padrão de aprendizagem no Ensino Médio, ela é absolutamente necessária.