Os profissionais da educação também precisaram se adaptar à nova realidade. Seja na sala dos professores ou na sala de aula − o que interferiu inclusive na forma como muitos lecionavam antes da pandemia. Quem costumava ficar caminhando entre os alunos, por exemplo, foi orientado a restringir a movimentação.
“Deu trabalho”, resume Carvalho, informando que os casos de Covid-19 detectados até o momento envolveram estudantes ou servidores infectados fora da escola. “Não tivemos Covid por tabela”, diz ele, afirmando que não há registro de nenhum caso de transmissão da doença dentro da unidade.
Quando uma família avisa que um aluno contraiu o novo coronavírus, a equipe escolar imediatamente rastreia quem foram os colegas que mantiveram contato mais próximo com aquele estudante. Esses colegas, então, são afastados e devem permanecer em observação, em casa, além de fazer o teste para detectar se contraíram o vírus.
Monitorar os alunos em relação a eventuais sintomas da Covid-19 e fazer a ponte com os órgãos de saúde foi uma estratégia que ajudou a prefeitura de Mogi das Cruzes (SP) a vencer resistências para a reabertura das escolas. De acordo com a reportagem do Globo, o município paulista criou as chamadas “brigadas da pandemia”, formadas por três pessoas em cada unidade.
Funciona assim: uma pessoa fica encarregada de verificar se a escola está seguindo os protocolos de segurança sanitária, outra lida com os casos suspeitos e, por fim, o terceiro integrante estabelece contato entre a escola, os pais de alunos e as Secretarias da Saúde e da Educação. “Cada escola tem um trio. As brigadas favoreceram o acompanhamento real e seguro pela vigilância epidemiológica do município, que passou a ter um contato dentro da própria escola para identificar casos suspeitos”, disse ao Globo o secretário-adjunto de Educação de Mogi das Cruzes, Caio Callegari.
A gestora Lúcia contou que, na rede municipal de Manaus, os comitês escolares de acompanhamento da Covid-19 incluem a participação de um representante da Unidade Básica de Saúde local e da própria comunidade do bairro. Na escola que ela dirige, outra iniciativa foi repensar o uso dos espaços de ensino, promovendo atividades nas áreas externas – o que ela chama de ‘escola pós-sala de aula’: “Todos os territórios são explorados, principalmente essas áreas externas, esse contato com a natureza.”
Depois de tanto tempo de escolas fechadas, a retomada das atividades presenciais envolve sem dúvida uma série de desafios, desde a adequação das unidades aos protocolos sanitários e o cumprimento das medidas de distanciamento social até o enfrentamento das sequelas da pandemia sobre a saúde mental de estudantes e educadores e a conquista da confiança das famílias. A experiência de retorno em modelo híbrido em parte das redes mostra, no entanto, que a partir de um esforço conjunto do poder público e da sociedade é possível conquistar a confiança de pais, alunos e professores para um retorno gradual e seguro.