
Para o diretor Paulo Afonso Vieira, 55, a desigualdade é, sem dúvida, uma das principais questões com as quais a gestão precisa lidar no cotidiano escolar. Há mais de duas décadas à frente da Escola Estadual Adalgisa de Paula Duque, situada no município de Lima Duarte (MG), ele destaca que essa dificuldade só existe em consequência da efetivação da garantia do direito à educação pública. “Hoje a escola pública é inclusiva; ela tem que ser e o caminho é esse”, salienta. “A gente tem que trabalhar formas de atender a esses alunos dentro das necessidades e das possibilidades deles”, pensa.
A história da escola que dirige, de certa forma, reflete esse processo de expansão do acesso à educação. Quando foi fundada, em 1950, a instituição, que ofertava apenas o ginásio (hoje correspondente aos anos finais do Ensino Fundamental), era privada, e os proprietários eram fazendeiros locais. Em meados da década seguinte, foi doada ao estado e passou a atender a toda a comunidade e a ofertar o Ensino Médio também. O próprio diretor foi estudante lá durante sete anos na década de 1980, onde cursou o magistério (única opção existente à época na instituição), e de onde saiu para fazer a licenciatura.
Hoje a unidade atende a cerca de 700 alunos e oferece o Ensino Médio profissionalizante em período integral, na sede; o Ensino Médio no período da tarde no distrito de São Domingos e o Ensino Médio noturno no distrito de Conceição de Ibitipoca.
Vieira destaca a diversidade do público atendido, contemplando estudantes com deficiências, de áreas rurais e de diferentes níveis socioeconômicos. “Trabalhar essa desigualdade destacando que podemos ser diferentes sem ser desiguais é fundamental”, enfatiza. “E esse contato com a diversidade é importante porque forma cidadãos mais preocupados, sensíveis com essa questão das desigualdades”, acredita.
O diretor observa ainda que o enfrentamento das desigualdades de aprendizagem é uma preocupação da Secretaria de Educação, que oferece uma série de políticas com esse foco, como o programa de reforço escolar. A escola conta ainda com um projeto de iniciação científica, também financiado pela Secretaria, e cuja proposta é discutir a questão da negritude e contribuir para uma educação antirracista.
A formação continuada é outro grande desafio na visão de Vieira. “A sociedade evolui muito rápido, acompanhar isso é uma loucura. Quando eu comecei as coisas aconteciam mais devagar (risos)”, lembra. Ele chama a atenção para a desigualdade existente também dentro do corpo docente e pelos diferentes graus de abertura dos professores à inovação, ao uso das TICs e à adoção de novas práticas em sala de aula como estratégias para fortalecer a aprendizagem e lidar com os diferentes níveis de proficiência existentes em uma mesma turma. E relata que a equipe está passando por uma formação para utilização de metodologias ativas. “Podem ser ferramentas importantes no sentido de colaborar nesse nivelamento, na diminuição das desigualdades em sala de aula”.