Seja por meio de políticas de rede, seja por meio de iniciativas das escolas, professores e gestores vêm buscando caminhos para lidar com a questão, que afeta o clima escolar, o bem-estar, a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes. De acordo com o levantamento do Datafolha mencionado anteriormente, 40% dos alunos estão recebendo algum apoio psicológico nas escolas.

Segundo estudo do Instituto Península divulgado em julho de 2022, dos cerca de mil docentes de todas as regiões do Brasil ouvidos, 43% afirmaram atuar em escolas que estão realizando rodas de conversa; 37%, espaços de escuta individual; 36%, apoio psicológico e 30%, criando redes de suporte multidisciplinares.

No Piauí, o atendimento socioemocional é uma política da Secretaria Estadual de Educação para toda a rede. Todas as regionais de ensino contam com equipes multidisciplinares, incluindo um psicólogo. “A prática dos 41 psicólogos possui um viés pedagógico com foco nas ações preventivas”, informou a psicóloga da Unidade de Gestão e Inspeção Escolar, Raquel Guedelha Carvalho, ao site da Assembleia Legislativa do estado. Esses profissionais também realizam escutas e encaminhamentos à rede protetiva (saúde e assistência social) quando necessário. Uma das iniciativas da Seduc com esse enfoque é o projeto “Educação pela Vida”, que busca sensibilizar a comunidade escolar para a importância da valorização da vida, trabalhando três eixos: arte-educação; articulação da rede protetiva, capacitação dos comitês escolares de mediação de conflitos e oficina da vida.

Na E.E. Profa. Maria Teixeira da Fonseca, localizada no município de Tarumirim (MG), a professora Genilda Moreira identificou nas aulas de Sociologia a necessidade de abordar a temática da saúde mental, diante dos problemas que alunos lhe confidenciaram enfrentar no seu cotidiano, incluindo tentativas de suicídio.

“Daí veio a ideia do projeto. Começamos a falar da ansiedade, da depressão e outros problemas enfrentados pelos alunos naquele momento, mas também na necessidade de valorizar a vida”, relata. A iniciativa envolveu diversas ações, como a criação de uma caixa com frases motivadoras escritas pelos próprios estudantes para os colegas e conversas com psicólogos, a encenação de uma peça de teatro sobre o tema e a realização de uma pesquisa interna sobre saúde mental que resultou na identificação dos casos mais graves e no encaminhamento para atendimento psicológico.

Segundo a gestora Silvania Beltrame, além da aproximação entre os estudantes e entre corpo discente e direção (que passou a ser acionada pelos jovens quando estavam enfrentando alguma questão pessoal), o projeto contribuiu para redução da evasão escolar, atraindo de volta alunos que tinham se afastado da escola por problemas familiares.

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