Ricardo Henriques, Superintendente Executivo do Instituto Unibanco, durante Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio

DESAFIOS CURRICULARES

Pluralidade

e diálogo na

busca por

SOLUÇÕES

para o Ensino Médio

Antes de as mudanças serem implementadas, é preciso ampliar o debate  e a reflexão sobre o tema, além de envolver a sociedade nas discussões

Para estimular o desenvolvimento de soluções que garantam o direito de aprender de cada jovem brasileiro, o Instituto Unibanco promove, desde 2015, arenas para o debate público sobre as principais questões relacionadas ao currículo do Ensino Médio no Brasil. Em 2016, a iniciativa foi o Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio, realizado em novembro, em São Paulo.

 

Em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), o evento recebeu gestores, professores, técnicos das secretarias de educação, pesquisadores e estudantes para a discussão, garantindo a pluralidade de visões.

 

Os debates deram ênfase à reforma do Ensino Médio, tema que ganhou prioridade com o envio ao Congresso Nacional da Medida Provisória (MP) nº 746/2016 pela Presidência da República.

 

Casos internacionais

Com o objetivo de oferecer elementos de reflexão e inspiração para o estabelecimento de um novo modelo de Ensino Médio para o Brasil, foram apresentadas também experiências bem-sucedidas do Canadá, da Alemanha e da Finlândia na educação secundária.

 

Richard Franz, do Ministério da Educação de Ontario, no Canadá, apresentou algumas iniciativas que resultaram no aumento do índice de conclusão da educação secundária, como um programa que estimula os alunos a partir dos 12 anos a mapear seus interesses e construir projetos de futuro e uma política de desenvolvimento da formação docente.

 

Da Finlândia, Tina Tähka, do Distrito Nacional de Educação Finlandês, falou sobre a busca pela equidade ser o princípio estruturante da educação secundária no país.

 

A opinião dos estudantes

O seminário também contou com um painel formado por quatro estudantes, o “Do Ensino Médio que temos ao Ensino Médio que queremos”. Uma das integrantes do painel foi Ana Júlia Ribeiro, aluna do 2º ano do Ensino Médio no Paraná que ficou conhecida por seu discurso sobre as ocupações na Assembleia Legislativa do estado, amplamente disseminado nas mídias sociais.

 

Segundo Ana Júlia, são fundamentais para melhoria da qualidade do Ensino Médio os investimentos na infraestrutura das escolas e na formação e valorização docente. A líder estudantil também criticou a avaliação da aprendizagem realizada apenas por provas e a falta de conexão entre o currículo e a realidade dos alunos. “É preciso que haja uma ponte entre o que se aprende em sala de aula e o que existe fora dela”, afirmou.

 

Lidiane de Paula Ferreira, ex-aluna da rede estadual do Rio de Janeiro, afirmou que para mudar o Ensino Médio seria necessário ouvir alunos e professores, que estão no dia a dia da escola. Além disso, ela ressaltou que a formação não deve ter foco apenas no Enem, no vestibular ou no mercado de trabalho, mas também na construção da cidadania.

 

Os especialistas presentes destacaram ainda a importância da articulação das políticas públicas para que a educação seja capaz de contribuir para a superação dos desafios enfrentados pelos jovens, já que a escola é um espaço valorizado por eles. E reforçaram a necessidade de haver um amplo debate na sociedade antes de implementar mudanças de vasto alcance, além de um esforço constante no combate às desigualdades, em especial as raciais e de gênero.