Durante webinário de lançamento do Informe, promovido no último dia 1º de dezembro, um dos autores do texto, o professor e pesquisador Gonzalo Muñoz, da Universidad Diego Portales, defendeu a profissionalização da carreira de diretor de escola. Isso, segundo ele, requer não apenas a realização de processos seletivos transparentes, mas investimentos na formação inicial e continuada desses profissionais, bem como a garantia de condições adequadas de trabalho, o que inclui salários atrativos. A seleção de diretores, pontuou ele, faria parte da agenda de profissionalização.
Embora não exista uma fórmula única, Muñoz recomendou que as redes de ensino tenham em mente quatro questões ao planejar seus processos seletivos. A primeira diz respeito ao objetivo da seleção. Por óbvio, observou o autor, a ideia é identificar os profissionais mais preparados, tendo em vista o contexto das escolas e a melhoria dos sistemas de ensino. Mas há outros ganhos possíveis. Um deles, por exemplo, é de legitimidade: a realização de processos transparentes, “com critérios públicos claros e bem comunicados”, fortaleceria a posição dos diretores escolhidos, respaldando suas futuras ações.
Outra questão é definir quem fará a seleção, isto é, se uma organização externa ou não, bem como se haverá participação, nessa tarefa, de atores da comunidade escolar (o que ajudaria a adequar o processo seletivo ao contexto local).
“O contexto da escola é o contexto de cada sala de aula, do corredor, do portão de entrada, do ambiente onde estão os profissionais que trabalham ali dentro e das condições de trabalho que eles têm”, enfatizou a professora e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Cynthia Paes de Carvalho, convidada do webinário, destacando essa competência dos gestores em fazerem essa leitura da realidade da escola e da comunidade em que ela está inserida.
A terceira pergunta-chave a ser respondida por quem planeja um processo seletivo envolve os critérios a serem adotados − tanto os de elegibilidade, que indicam quem poderá concorrer à vaga de diretor (exemplo: ser professor e ter curso de especialização, entre outros), quanto os da seleção propriamente dita. “É o mais difícil”, sintetizou Muñoz.
“Em primeiro lugar, é importante definir com clareza o perfil profissional que se busca, que deve ser adequado às necessidades de cada estabelecimento”, diz o texto, recomendando que a comunidade escolar e os mantenedores das escolas participem da discussão sobre o perfil profissional a ser buscado.
Estabelecer critérios de seleção é um desafio ainda maior em países marcados por enormes desigualdades sociais e educacionais, caso do Brasil. Diz a publicação: