Para o professor Felipe Paes, que leciona na E.E.E.M Irmã Maria Horta, em Vitória (ES), a utilização dessas tecnologias na educação permite manter a conexão com o aluno fora da escola, algo que antes só se dava pelo dever de casa.
“O trabalho se estende para além do presencial, das 7h às 12h. O aluno não precisa esperar a próxima aula. Cria um estímulo constante, o professor está ali presente”, acredita.
Adepto das metodologias ativas, Felipe conta que usa com frequência a abordagem da sala de aula invertida, que permite “não começar pelo professor, mas pela própria curiosidade do aluno, incentivando a autonomia, criando trilhas de estudo, em que ele vai vendo seu progresso”, afirma. Nesse modelo, o estudante inicia o trabalho com o tema em casa, a partir de alguma atividade/reflexão proposta pelo professor, e o aprofundamento e a problematização do que foi pesquisado/produzido se dá em sala de aula.
“A ideia é estimular os alunos a produzirem conhecimento, pesquisarem, mas também a trabalharem a apresentação e o compartilhamento desse conhecimento através do padlet (ferramenta para criação de painéis colaborativos), de mapas mentais, da construção de jogos”, complementa.
Ele também cita o modelo por estações de trabalho, em que o aluno realiza uma tarefa via plataforma e na escola tem à disposição estações de trabalho, de acordo com o seu grau de entendimento e domínio do conteúdo.
“Tem a estação 1, para um aprofundamento. Quem estava mais avançado, vai para a estação 2. Quem precisa de mais reforço, fica na 1”, explica. “Possibilita ao aluno ser atendido de uma forma mais individual nas suas necessidades. Numa sala de aula tradicional nem sempre você consegue isso, a informação que o professor transmite é mais homogênea. E esse aluno que está mais avançado depois vira monitor. Quando ele acaba a tarefa dele, volta para ajudar os outros. Muitas vezes o aluno aprende com o próprio aluno”.
Em São José dos Pinhais (PR), o professor Paulo Brito, que dá aulas de História em duas escolas da rede estadual, também vem observando bons resultados no uso do modelo da sala de aula invertida. Sempre nos minutos finais de cada aula, sugere o conteúdo que será trabalhado na aula seguinte, pergunta se estão de acordo e, em caso positivo, indica algum texto ou vídeo para despertar a curiosidade dos alunos e eles trazerem dúvidas.
“Ao saberem, por exemplo, que na próxima aula iríamos trabalhar o renascimento, eles já vieram com uma bagagem. Isso é muito bacana. Eles já tinham pesquisado muita coisa sobre o tema. [Trazem] Desde perguntas simples como “é verdade que Julieta tinha 13 anos?” até questões como se houve mudanças estruturais na sociedade renascentista. Eles vêm com dúvidas de quem realmente pesquisou”, conta.
As experiências relatadas dão uma mostra dos caminhos e possibilidades abertos com a adoção do ensino híbrido enquanto modelo que estimula o protagonismo e a autonomia dos alunos, trabalhando conteúdos e ao mesmo tempo competências essenciais às demandas do século XXI. O uso das tecnologias na educação potencializa ainda a criação, a expressão e o compartilhamento de conhecimento pelos estudantes, contribuindo assim para a formação de cidadãos ativos, colaborativos e críticos.