A diversificação da oferta do ensino remoto, que se deu por meio de múltiplas ferramentas (aulas online, transmissão de aulas via TV e rádio, preenchimento de atividades online ou entrega de caderno de atividades em meio físico, entre outros), gerou mudanças nos parâmetros de acompanhamento, seja para o registro de aulas dadas, para frequência dos estudantes ou ainda nos meios de avaliação.
No caso da frequência, por exemplo, sem o estudante em sala de aula, como acontecia até então, o registro da presença era feito de forma subjetiva pelas escolas (por meio da entrega de atividades, ou da presença em aula online ou até por troca de mensagens via WhatsApp com os professores). Com isso, a definição de abandono escolar, por exemplo, tornou-se um grande desafio. Como definir o abandono em uma situação extrema, sem atividades presenciais e com os vínculos fragilizados entre estudantes e escola?
Há também a questão da aprovação automática, mecanismo que, por um lado, buscou garantir um olhar mais cuidadoso sobre os estudantes, compreendendo as inúmeras dificuldades do período, e, por outro, reduzir os riscos de abandono escolar. Assim como no caso do acompanhamento da frequência dos estudantes, avaliar a evolução de seu aprendizado tornou-se um desafio. A aprovação automática, ainda que com um caráter importante focado na manutenção dos estudantes na escola, tem impacto direto sobre as taxas de aprovação e, consequentemente, no resultado do IDEB. Houve também decisões de matrículas automáticas em algumas redes, procedimento que também compromete comparativos. Por isso, para uma melhor compreensão dos resultados de 2021, é fundamental verificar o quanto as decisões operacionais das redes podem ter inflado os dados de aprovação.
Deste modo, a compreensão e a interpretação dos dados de rendimento (aprovação, reprovação, abandono e evasão) dependem de um melhor entendimento sobre os critérios adotados pelas redes de ensino e quais os direcionamentos das políticas de cada estado e município. Além disso, é necessário reconhecer que a mudança nos critérios comprometeu a comparabilidade dos dados do IDEB 2021, uma vez que, mesmo que os registros tenham mantido seu nome de face, o fenômeno captado foi absolutamente diferente entre as redes e do que ocorreu no passado.