Associação Cultural Pisada do Sertão busca na cultura regional soluções para questões sociais locais
Em 2007, a professora Ana e um grupo de jovens formalizaram a Associação Cultural Pisada do Sertão. Mas a história da organização começou três anos antes, quando o pároco da cidade pediu à Ana que ensaiasse um grupo de jovens locais para dançar o xaxado na festa do padroeiro da cidade. A apresentação foi um sucesso.
“Naquele dia eu pude enxergar nos olhos das famílias, das crianças e dos adolescentes que aquela história não poderia ficar ali, não poderia ser só uma apresentação de dança. Esse dia foi um marco para que, a partir daquele momento, fortalecesse todo um trabalho que envolvesse educação, saúde física e mental e assistência social. A Pisada do Sertão, durante todos esses anos, tem acreditado no potencial das pessoas”, afirmou Ana Neiry de Moura, cofundadora e diretora-executiva da organização.
Localizada em Poço José de Moura (PB), a instituição traçou sua trajetória na cultura regional para encontrar soluções que dessem respostas aos problemas sociais enfrentados pelas juventudes locais.
Em 2022, as iniciativas da Associação, voltadas à educação, cidadania e geração de renda, em parceria com equipamentos públicos, chegaram a novos territórios, atravessando fronteiras, para beneficiar mais de mil pessoas de 19 municípios na Paraíba, no Ceará e no Rio Grande do Norte.
Os projetos implementados na área da educação têm como foco o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes, jovens e professores. Na sua sede, a instituição promove atividades socioeducativas e culturais; formação para estudantes e professores sobre competências socioemocionais; curso de empreendedorismo para adolescentes e jovens, em parceria com escolas; cursos de qualificação profissional para adolescentes, jovens e mulheres; formação de professores na metodologia Pisada do Sertão. Na sua rede de parcerias, as escolas se destacam, desenvolvendo projetos coletivos que beneficiam toda a comunidade escolar.
“A Pisada do Sertão existe para transformar vidas, assim como transformou a minha, por meio de um trabalho focado no desenvolvimento integral a partir da cultura nordestina, nas descobertas e na valorização do potencial humano para transformar nosso território. Nossa atuação parte da metodologia participativa, em que as pessoas falam e propõem ideias”, ressaltou Rafaella Lopes, coordenadora educacional da Associação.
Impacto do Programa de Fortalecimento Institucional
A Associação Cultural Pisada do Sertão tem trabalhado, nos últimos três anos, desde que foi selecionada pelo edital do Instituto Unibanco, para cumprir três objetivos institucionais: qualificar, executar e monitorar os processos de gestão de pessoas (alcançado); consolidar uma base de apoio financeiro em quatro fontes de recursos; e definir critérios para execução dos processos financeiros de forma estratégica e recorrente (ambos parcialmente alcançados).
Para alcançar esses propósitos, a associação revisou e aprimorou ferramentas, critérios e procedimentos que fortalecessem as ações de RH para acompanhar o trabalho dos colaboradores e criar uma ambiência acolhedora e amigável, com base em pesquisas de clima e avaliações de desempenho trimestrais.Com o objetivo de avançar nessa área, a associação contratou uma consultoria especializada e realizou intercâmbios com outras organizações que são referência em gestão de pessoas. Além disso, um profissional tem se dedicado às contratações e ao mapeamento das necessidades e demandas dos colaboradores. Os processos de recrutamento e seleção também foram ajustados, com critérios bem definidos, para se tornarem mais assertivos.
A equipe conta com formação continuada, realizada por especialistas convidados que, a cada mês, exploram diferentes temas relacionados aos aspectos institucionais, pedagógicos e de captação de recursos.
A área de captação também segue avançando, com seis projetos aprovados em leis de incentivo e emenda parlamentar, além de um outro projeto cadastrado na Lei de Incentivo ao esporte.
Duas outras iniciativas, desta vez para geração de renda de beneficiários, estão em fase de implementação: “Cozinha da gente”, para formar mulheres na gastronomia regional, e produção e comercialização de bolsas e produtos de couro, projeto financiado por empresas da região.
Um montante considerável dos recursos é arrecadado a partir da doação de pessoas físicas cadastradas, que fazem aportes recorrentes. Em 2023, a área de captação tem priorizado as ações da associação, para ampliar essas fontes.
Outro aspecto que mereceu especial atenção da associação foi o alinhamento entre as áreas administrativa, financeira e contábil. Para isso, a organização contratou um contador que, semanalmente, reúne-se com os responsáveis. Com essa iniciativa, pretende-se mitigar problemas na contabilidade, o que já tem fortalecido a transparência dos processos administrativos como um todo. Consultoria, formações e intercâmbios com outras organizações deram mais clareza à equipe sobre esses processos, levando a reestruturações e aquisição de novas ferramentas para a área.
“O ano de 2022 foi um ano marcado pela transformação em diversas áreas da organização. Foi preciso reestruturar processos e rever lógicas que funcionavam antes, mas hoje não são mais úteis ao nosso trabalho.”
Rafaella Lopes, coordenadora educacional da associação