O Centro de Defesa da Vida Herbert de Sousa está localizado na periferia de Fortaleza (CE), na região Grande Bom Jardim. Desde sua fundação, em 1994, é motivada pela mobilização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e de processos reivindicatórios para a melhoria da qualidade de vida da população da periferia. A identidade da instituição está diretamente relacionada com o empoderamento dos setores populares do território, composto pelos bairros Bom Jardim, Siqueira, Canindezinho, Granja Lisboa e Granja e Portugal.

As atividades do centro sustentam quatro eixos programáticos: direito à cidade, vida das juventudes, educação em direitos humanos e resistências culturais.

Dentre as iniciativas que realiza estão o festival anual de arte e cultura com jovens, oficinas temáticas, desenvolvidas com base nos diálogos com as juventudes e estudantes, oficinas sobre o projeto político pedagógico das escolas, seminários de articulação e formação da rede de prevenção da violência, iniciativas para acompanhar o Fórum de Escolas da Região, saraus culturais, articulação para a participação do centro em atos cívicos e realização de pesquisas.

Na área da educação, os públicos-foco são crianças, adolescentes, jovens, pessoas do grupo LGBTQIAPN+ e pessoas negras. Só em 2022, a instituição atendeu cerca de 100 pessoas.

Um dos produtos dessa área foi a cartilha “Na escola a gente conversa sobre o quê?”, produzida por 123 estudantes do Ensino Médio da rede pública do Grande Bom Jardim para incentivar o protagonismo juvenil nos espaços de aprendizagem. Para elaborar o material com os jovens, foram convidados pesquisadores, ativistas dos territórios da região e representante do Instituto Unibanco.

O principal objetivo da iniciativa foi ouvir sugestões sobre como melhorar as unidades escolares a partir da análise do projeto político pedagógico de cada uma. Nas seis oficinas realizadas em três meses, estudantes puderam dizer que tipo de escola desejam frequentar. Dentre as mais de 150 propostas apresentadas nas oficinas, estão a realização de mais momentos culturais, aulas de campo, rodas de conversa e debates sobre saúde mental e uso das redes sociais.

Impacto do Programa de Fortalecimento Institucional

O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) foi parceiro do Instituto Unibanco durante a crise sanitária, causada pela Covid-19, sendo uma das organizações da Frente Humanitária, implementada pelo instituto. O objetivo era apoiar pessoas e famílias de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Fortaleza no enfrentamento dos impactos socioeconômicas da pandemia, com a oferta de cestas básicas, refeições e kits de higiene.

O reencontro das duas organizações aconteceu em 2021, por meio do edital que deu origem ao Programa de Fortalecimento Institucional. O primeiro passo dessa nova ação foi um diagnóstico para definir as três prioridades que se tornaram o foco de trabalho do CDVHS nos três anos do programa: promover um processo de aprimoramento da comunicação externa, melhorar o fluxo de comunicação interna, com definição de um plano de desenvolvimento, ambos atingidos, e favorecer uma ambiência de aprendizagem e qualificação dos projetos, cuja implementação foi iniciada.

Todos os esforços realizados resultaram em um plano de comunicação consolidado, construído com o apoio de uma profissional externa. A equipe passou por um processo formativo sobre a importância da comunicação e o seu papel para o fortalecimento institucional do centro.

A organização também se dedicou a sistematizar suas práticas, dentre elas uma pesquisa realizada em 12 escolas públicas da região em parceria com a Universidade Federal do Ceará, apoio da Secretaria Estadual de Educação do Ceará e interlocução da equipe local do Instituto Unibanco, que atua no estado por meio do Projeto Jovem de Futuro.

O estudo teve como objetivos mapear experiências de vitimização e percepções de estudantes de escolas públicas de Ensino Médio do Grande Bom Jardim sobre as violências presentes em seus territórios e qual impacto dessa realidade na trajetória escolar. A investigação integra um conjunto de iniciativas para entender, prevenir e desenhar soluções que possam enfrentar a violência em Fortaleza.

No que diz respeito ao desafio de fortalecer a ambiência de aprendizagem e qualificar os projetos, foram realizadas oficinas sobre comunicação, racismo, diversidade de gênero e inclusão social voltadas à equipe interna. O centro também fez uma parceria com os cursos de psicologia e sociologia da Universidade Federal do Ceará.

Em 2023, o Centro de Defesa da Vida Herbert de Sousa planeja promover espaços de escuta e aprendizados sobre a forma como coletam e sistematizam dados de pesquisas para otimizá-los. Também pretendem desenhar a apresentação de um dos projetos para captar recursos, usando dados e evidências de impacto captados em 2022.

“Os processos de sistematização das experiências contribuem para uma prática educativa mais qualificada. O tema juventudes já é trabalhado pelo Centro há pelo menos 12 anos e essa sistematização está nos levando a várias reflexões sobre captação de recursos, planejamento e projetos.”

Lúcia Carmo, coordenadora-executiva do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza