Evento reuniu profissionais da área educacional e discutiu temas sociais que impactam a aprendizagem dos estudantes

No último dia 12 de novembro, data que marcou o Dia do Diretor Escolar, aconteceu o Seminário Internacional Educação Cidadã e Convivência Democrática, promovido pelo Instituto Unibanco em parceria com a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG). O evento teve como objetivo reunir gestores, pesquisadores e especialistas da área de educação de diversas partes do país para discutir a promoção da cidadania, a construção de espaços que valorizem a diversidade, o desenvolvimento de competências cidadãs e a mediação de conflitos no ambiente escolar.

Os participantes assistiram à transmissão ao vivo da abertura do seminário feita pelo superintendente-executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, e à palestra magna do professor da Faculdade de Educação e diretor do Centro de Políticas Educacionais Comparadas da Universidad Diego Portales (UDP), Cristián Cox. Na parte da tarde, as palestras aconteceram em formato presencial, focadas na discussão sobre desigualdades na educação e construção de espaços democráticos no ambiente escolar de acordo com a perspectiva regional.

A primeira mesa de debate se aprofundou na questão do clima escolar e seu impacto em uma escola democrática. Valéria Oliveira, professora adjunta da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou a importância da promoção dos valores coletivos para melhora do clima e da convivência escolar. Segundo ela, “como sociedade, nós temos investido muito em valores individuais e deixado para trás os coletivos. Formar um cidadão para a convivência em sociedade deve ser também um papel essencial e central das escolas. Só assim nossos estudantes poderão estar engajados e atentos com questões como justiça social, saúde mental, valores de colaboração, entre outras voltadas para a construção de uma sociedade melhor”.

Para Luciano Campos, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que também participou do debate, a comunidade precisa trabalhar em parceria com as escolas para que elas sejam um local justo e que garantam a aprendizagem sustentável e efetiva. “Há um sentimento global generalizado de que a escola se tornou um lugar marcado por uma convivência que não é mais adequado especialmente para um ambiente de aprendizado, devido à violência, ao desrespeito, ao racismo etc. Para melhorarmos a capacidade dos professores trabalharem em sala de aula, precisamos apoiá-los e criar condições que permitam eles serem bons educadores e gestores”, diz.

Na parte da tarde, a segunda mesa discutiu as desigualdades na escola e como elas afetam a convivência democrática. De acordo com Francisco Soares, professor emérito da UFMG, “o aprendizado deve servir para todos os estudantes”. Ele lembra que crianças na sociedade que estão submetidas a um processo de exclusão são aquelas que tem maior propensão a ter mais dificuldade e tempo para aprender o que é ensinado na sala de aula. “É também por isso que é fundamental desenvolvermos um projeto pedagógico nas escolas considerando essas diferenças, que impactam não só na aprendizagem como no convívio escolar. Temos que desenvolver formas que acolham esses estudantes de modo que eles possam superar as dificuldades e que não tenha suas expectativas diminuídas durante o processo de aprendizagem”, explica.

Por sua vez, João Fontenelle, do Núcleo de acolhimento educacional da SEE/MG, abordou durante o seminário o impacto da saúde mental nas escolas e como também é importante considerá-la para a convivência no ambiente escolar. “Quando falamos de construir espaços nas escolas de convivência saudáveis e democráticos, estamos falando também em promover o autoconhecimento dos estudantes, as competências socioemocionais e de intersetorialidade, que implica em chamar a saúde para as escolas. Enquanto espaço onde a comunidade está cinco vezes por semana presente, a escola pode se apropriar mais dessas práticas se quiser de fato propor uma educação abrangente e efetiva para os estudantes”, relata.