Currículo promove aprendizagens e experiências para auxiliar o projeto de vida individual

Aprendizado, apoio e autonomia para fazer escolhas. A escola passa a ter um novo sentido na vida dos jovens a partir da implementação do Novo Ensino Médio. Desde o início deste ano letivo, alunos de todo o país contam com um currículo remodelado, que promove o protagonismo estudantil e potencializa aptidões para o futuro profissional ou acadêmico. Além da formação comum, os jovens passam a ter mais aulas para se aprofundar nas áreas que estejam mais alinhadas ao projeto de vida individual, em quatro áreas do conhecimento – Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.

Estudantes da Unidade Escolar Dona Rosaura Muniz Barreto, em São Miguel do Tapuio (PI)

A proposta combina a Formação Geral Básica (FGB), que é parte comum do currículo, com os aprofundamentos, chamados de itinerários formativos, definidos após avaliação das demandas locais, além de disciplinas de Projeto de Vida e Eletivas, conforme definição estadual. Com a expansão da carga horária, que passa de 2,4 mil para 3 mil horas de aulas (mil por série), os estudantes têm a oportunidade, conforme ofertado em cada escola, de ter acesso a novas experiências, atividades educativas e, principalmente, conhecimentos que estejam mais alinhados às suas aptidões. Em 2021, de acordo com dados do Censo Escolar, foram 7,8 milhões de matrículas nesta etapa em todo o país.

Deste modo, os jovens podem ter mais subsídios para responder a uma pergunta que nunca sai de moda: “E agora, qual caminho seguir?”. Chegar a uma resposta nem sempre é tarefa simples, mas com exercícios, estímulos e muita conversa, como proposto durante as aulas de Projeto de Vida, é possível vislumbrar algumas possibilidades. Marcelo Henrique de Sousa, 17, estudante da 3ª série do Ensino Médio no Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Conselheiro Saraiva, em Batalha (PI), escolheu o aprofundamento Ciências da Natureza para apoiar o que planeja para o futuro profissional: “ser médico para salvar e ajudar vidas”.

“A escola tem me ajudado a estudar de forma certa. As aulas dos itinerários são dinâmicas, direcionadas e voltadas para o desenvolvimento”, revela.

Para Marcelo, a nova rotina tem sido importante para todos conseguirem alinhar “ideias e ideais”. “(O Novo Ensino Médio) Tem proporcionado flexibilidade curricular e dado autonomia para os alunos em transformar o protagonismo juvenil, desenvolvendo habilidades e pensamentos críticos em garantir um bom estudo”, pontua.

Ingressar no curso de Medicina, uma das carreiras mais disputadas, historicamente, nos vestibulares nacionais, também é o objetivo de Luana Alves, 17, estudante da Unidade Escolar Dona Rosaura Muniz Barreto, em São Miguel do Tapuio (PI).  Ela sonha ser cardiologista e escolheu o itinerário de Exatas. Luana entende que a mudança promoveu “mais protagonismo” no decorrer do ano letivo.

“O estudante passa a ter mais direitos e não somente deveres dentro da escola. É uma grade desafiante, porque mudou a forma de ensino. A escola tem me apoiado bastante nos estudos para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, consequentemente, para o ensino superior”, afirma.

A experiência curricular positiva é compartilhada por Kaylane Souza, 18, estudante da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Centro Interescolar Áttila de Almeida Miranda, em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Com o objetivo de cursar Administração, ela escolheu se aprofundar em Recursos Humanos neste ano.

“Tenho gostado bastante, pois posso estudar e ainda fazer um curso integrado, com diploma, que vai me ajudar muito a conseguir um emprego depois e me aprofundar na área. As aulas são bem produtivas. A gente aprende a cada dia algo novo, que será excelente para o meu futuro. Quero ter a oportunidade de conhecer novos lugares e fazer parte da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas)”, admite.

“A escola representa um ambiente muito potente para construir esse olhar protagonista”

Tiago Torres, analista de projetos socioeducacionais do Instituto Unibanco, explica que a mudança curricular está relacionada à forma com que o ambiente escolar propicia espaços e metodologias para o desenvolvimento de competências e habilidades.

“A escola é um ambiente muito potente para construir esse olhar protagonista no sentido de autoconhecimento, e conta com o apoio de toda a equipe, como professores, coordenadores e gestores, para oferecer o suporte necessário para propor uma reflexão sobre as escolhas e todos os motivos envolvidos”, emenda.

O especialista acrescenta que o novo currículo apresenta possibilidades de dialogar com esse protagonismo, diluído entre as 10 competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

“O Projeto de Vida, que já existe há algum tempo dentro da educação integral e hoje ganha mais peso dentro do currículo do ensino regular, é um componente que vai ajudar dentro dessa nova arquitetura do Ensino Médio, inclusive quando falamos de autoconhecimento em tomadas de decisão e para que o jovem entenda seu papel como cidadão”, conta.

O trabalho é complementado pelas Eletivas, conforme oferta das escolas, como explica Tiago.

“É uma espécie de degustação durante um semestre para os alunos experimentarem e aprofundarem conhecimentos em temas variados, como fotografia, vôlei, robótica etc”, diz.

Para Bianca Gomes, 18, aluna da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Angélica Paixão, em Guarapari (ES), a eletiva tem um papel fundamental. “Temos três matérias extras: Eletiva, Projeto de vida e Estudo Orientado. Dessas, a Eletiva é a que mais me agrada por ser de livre escolha e em conjunto com os outros anos. As aulas são mais dinâmicas e deixam o ambiente escolar bem mais leve”, ressalta a estudante, que se prepara para prestar vestibular em Geografia.

O Instituto Unibanco, por meio do programa Jovem de Futuro, tem apoiado as secretarias de educação dos estados parceiros na implementação do Novo Ensino Médio. Na prática, a ação, focada em uma gestão educacional orientada, objetiva contribuir para o avanço contínuo da educação pública e para a garantia da aprendizagem estudantil, por meio de instrumentos estruturados em cinco eixos – governança, assessoria técnica, formação, mobilização e gestão do conhecimento –, que se articulam por meio do método Circuito de Gestão.