Segundo dia do seminário é marcado por discussões sobre formação e carreira do gestor
O Seminário Internacional Caminhos para a qualidade da educação pública: Desenvolvimento Profissional de Gestores, realizado pelo Instituto Unibanco, Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e Folha de S. Paulo, chegou ao fim nesta quinta-feira (28). O tópico que mais se destacou durante as discussões foi a qualidade da formação para gestores. Alexsandro Santos, Gerente de Desenvolvimento de Soluções do Instituto Unibanco, iniciou a conversa abordando a superficialidade e a ênfase nas questões teóricas predominante nos cursos de Pedagogia, formação da maioria dos gestores.
“Não entregamos pedagogos com as habilidades descritas nos padrões nacionais para formação e certificação de diretores escolares”, comentou o gerente. Laurinda Ramalho, professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, apontou o gestor como o responsável por fazer uma leitura crítica da escola e evitar a evasão de estudantes e professores. “Se um gestor não acolhe bem um professor, ele pode evadir”, argumentou.
No quesito formação, Laurinda acredita que o preparo do gestor deve ser mais específico. “Fundamental seria uma formação com diferentes lógicas, porque a lógica da escola é diferente da lógica do aluno, que é diferente da lógica da comunidade. Também deveriam ensinar o cuidado para com o outro e para com ele mesmo”.
A mesa seguinte reuniu Andressa Buss Rocha, Subsecretária de Planejamento de Avaliação na Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo, Cláudia Santa Rosa, Secretária de Educação do Rio Grande do Norte, e Manuel Palácios, professor na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cláudia discorreu sobre as dificuldades enfrentadas pelos gestores no Rio Grande do Norte. “Vejo a angústia de gestores para desenvolver tarefas para as quais não foram preparados durante a graduação. Só a graduação não basta”, disse. Já Palácios criticou as certificações para os profissionais. “Falta procedimentos de certificação profissional no nosso país”. E completou: “Quem certifica não deve formar para não ter conflito de interesse”.
Por fim, a última roda de conversa contou com a participação de representantes do Ministério da Educação (MEC) e do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Bernardete Gatti, presidente do Conselho e membro titular da Academia Paulista de Educação, observou que temos poucos programas para formar gestores. “Por que não se constrói uma política de formação para gestores com proposta institucionalizada específica? Por que não investimos em mestrados profissionais para gestores?”, questionou. Telma Vinha, professora no departamento de Psicologia Educacional da Universidade de Campinas (Unicamp), completou a discussão ao explicar que os conteúdos dos cursos de Pedagogia e das licenciaturas não preparam gestores para os desafios da função.
Para finalizar o seminário, Mirela de Carvalho, Gerente de Gestão de Conhecimento do Instituto Unibanco, e Telma fizeram uma retrospectiva de todos os temas abordados durante os dois dias.
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