Associação da Comunidade Quilombola do Barroso aumenta visibilidade e amplia renda das famílias
A Associação da Comunidade Quilombola do Barroso, no município de Camamu, sul da Bahia, foi fundada em 2007, recebendo sua certificação como remanescente de quilombo em 2008. A instituição tem como propósito preservar a memória, a história, a terra e o território ocupado pelo povo do Quilombo do Barroso há mais de 150 anos. As iniciativas da instituição visam à melhoria da qualidade de vida e da produção agrícola das 35 famílias, especialmente mulheres, jovens e crianças. Para apoiar suas atividades, a associação conta com um museu, uma cozinha coletiva e um espaço comunitário .
A organização e o trabalho coletivo são corriqueiros nessas comunidades. No Quilombo do Barroso, essas práticas avançaram com o grupo cultural, formado pelas mulheres que cultivavam a horta. Esse grupo também se agregava em torno do samba de roda, na gestão do espaço de memória comunitária e na produção de alimentos beneficiados. As mulheres sempre estiveram presentes na luta por direitos e hoje são lideranças importantes na tomada de decisão.
Na área da educação, as ações são desenvolvidas principalmente em parceria com a escola de Educação Infantil e séries iniciais de Ensino Fundamental localizada dentro da própria comunidade. A organização atua em temas como educação quilombola, educação especial e preservação das tradições locais e do meio ambiente. As atividades vão desde a elaboração de livros à realização de eventos em datas comemorativas para os estudantes.

Atividade educativa realizada com crianças da comunidade do Barroso
Impactos do Programa de Fortalecimento Institucional
A Associação da Comunidade Quilombola do Barroso definiu três desafios para trabalhar ao longo do programa: qualificar a atuação da equipe gestora, com divisões de tarefas bem definidas; formar a equipe para melhorar a comunicação e gerar transparência e segurança na captação de recursos.
A organização decidiu empoderar a juventude local e, para isso, elaborou três oficinas de comunicação para capacitar 15 participantes. Atualmente, quatro deles estão à frente da comunicação institucional, tendo o apoio dos demais jovens. Com essa iniciativa e o trabalho da nova equipe, a visibilidade aumentou, refletindo na área de captação de recursos. A Associação foi contemplada com um financiamento do Instituto Baobá e tem recebido apoio do Governo do Estado também.
Outra importante mudança, que proporcionou um aumento da renda das famílias, foi o fortalecimento da produção de cacau existente na comunidade. Até então, a fruta era vendida para atravessadores que beneficiavam o produto. Recentemente, foram criados grupos de jovens que confeccionam bolos, chocolates, pimentas e outros alimentos. Em 2022, foi a primeira vez que a Associação encerrou o ano com dinheiro em caixa.
A maior visibilidade também gerou novas parcerias e engajamento de outros grupos da comunidade. Um documentário, que conta a história do quilombo, está em fase final de produção, com previsão de lançamento na festa da Consciência Negra.
Para esse ano, a meta da Associação é avançar na qualificação da equipe gestora, além de ampliar a produção das famílias beneficiadas pelos projetos.
“Em 16 anos de caminhada, esse foi o nosso melhor ano. Todo ano a gente tem muita dificuldade, mas nesse não. Esse ano saiu do jeito que a gente programou e conseguimos avançar em quase tudo. O reconhecimento, tanto internamente como [fora] nos tornando exemplo para outras comunidades, reforça a vontade de continuar na busca de qualidade de vida para nossas crianças, mulheres e famílias.”
Ana Célia dos Santos Pereira, coordenadora geral