“Combater desigualdade na educação exige novas políticas”, afirma João Marcelo Borges, gerente do Instituto Unibanco
A declaração ocorreu durante palestra na 28ª edição do Congresso Bett Brasil 2023
Em sua participação no debate “Educação e Democracia na Diversidade”, no congresso Bett Brasil 2023, o gerente de Pesquisa e Inovação do Instituto Unibanco, João Marcelo Borges, trouxe para a conversa o fato de que somente manter as políticas já experimentadas no país não basta para reduzir a desigualdade na educação brasileira. O encontro ocorreu no último dia 10 de maio, em São Paulo.

Palestrantes discutiram panorama e desafios da Democracia e da diversidade na educação
João Marcelo iniciou sua participação lembrando que a estrutura da sociedade brasileira foi moldada pelos mais de 300 anos de escravização: “Três quartos dos negros escravizados que cruzaram o Atlântico vieram para o Brasil. Isso nos dá a dimensão da crueldade do regime escravocrata e da formação da população brasileira a partir dessa cultura violenta”.
Como reflexão, o gerente fez o contraponto que, mesmo tendo sido forjada nessa violência extrema contra as populações originárias, sequestradas e escravizadas, – “ainda assim, nossa sociedade conseguiu criar um padrão de desenvolvimento socioeconômico que, no cenário mundial, nos coloca logo na sequência dos países mais avançados.”
Segundo Borges, os avanços sociais do Brasil são marcantes, “apesar de nos últimos 30 anos termos perdido relevância na economia mundial, foi o período de maior avanço social e político do país.” Isso acontece, explicou ele, por ser o período pós-ditadura, fundado na democratização legalizada pela Constituição de 1988, “que foi a primeira vez em que o Brasil disse ‘existem direitos para todos’.”
O gerente de Pesquisa e Inovação do Instituto Unibanco também discutiu várias mudanças demográficas, econômicas e políticas que vêm reestruturando a sociedade brasileira, como o aumento da população idosa e a pressão da sociedade por inclusão nos mais diversos segmentos, inclusive na educação. Porém, segundo ele, essa pressão e os avanços na educação não têm se convertido necessariamente em diminuição da desigualdade.
“De 2007 até 2019, a distância entre o aprendizado, tanto no quinto como no nono ano do ensino fundamental, de língua portuguesa e matemática, entre meninos e meninas pretas e meninos e meninas brancas, aumentou ou se manteve”, afirmou João Marcelo Borges, explicando que todos melhoraram, mas a desigualdade ou ficou no mesmo patamar ou aumentou. “Ou seja, somente manter as políticas que já temos não bastará para reverter as desigualdades, parte virá das pressões sociais, mas outra parte virá necessariamente de abrirmos mão de alguns privilégios, daqueles que os detêm”, afirmou.
Em sua 28ª edição, o Congresso Bett Brasil tem como objetivo reunir profissionais e especialistas da educação para discutir tendências e inovações em tecnologia educacional. Neste ano, o tema geral do evento foi “Educação e Trabalho para Novos Futuros”.