Formação promove ações para fortalecer a educação antirracista no Espírito Santo
No dia 13 de junho, a Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo (Sedu-ES) e o Instituto Unibanco promoveram a formação “Gestão Escolar para Equidade Racial”, que teve como objetivo principal promover o letramento racial com base nos conceitos da educação das relações étnico-raciais. Na ocasião, foram apresentados os marcos legais, com destaque para a Lei n° 10.639/03 e os dispositivos que regulamentam sua implementação. Além disso, houve também a apresentação da Estratégia de Gestão Escolar para Equidade Racial, a ser adotada em 2023 pela rede.
Direcionado a gestores, professores e membros do órgão central da secretaria da rede estadual de educação, o encontro contou com a participação de Valquiria Santos, gerente de Educação do Campo Indígena e Quilombola da SEDU-ES; Jorge Vianna, professor de História da rede e técnico da Gerência da Educação do Campo, Indígena e Quilombola da SEDU (GECIQ); Juliana Romano, professora de Geografia da rede e técnica da GECIQ; e Luanna Meriguete Santos, analista de implementação de projetos do Instituto Unibanco.
Ao fazer a abertura da formação, Valquiria Santos ressaltou a importância do programa de Educação para Relações Étnico-Raciais, implementado no estado desde 2019. Ela também agradeceu a parceria com o Instituto Unibanco e destacou a participação da equipe da SEDU, liderada pelo secretário de educação Vitor de Ângelo e pelo governador Renato Casagrande, no desenvolvimento de ações antirracistas na educação.
“O programa de Educação para Relações Étnico-Raciais tem sido fundamental para promover uma educação antirracista. Investimos na formação em equidade racial em parceria com a equipe de gestão escolar e o Centro de Formação dos Profissionais do Magistério (CEFOP) e criamos a Comissão de Estudos Afro-Brasileiros (CEAFRO). Realizamos lives, grupos de estudos e escutamos a rede para implementar a formação ‘Raízes — Educação das Relações Étnico-Raciais’. Também disponibilizamos um caderno orientador sobre relações étnico-raciais para todas as escolas”, explicou, elencando as ações em desenvolvimento na rede.
Na sequência, o professor Jorge Vianna exibiu dados e um vídeo que ilustraram as consequências do racismo e a persistente desigualdade racial existente no país. Segundo ele, o racismo tem um impacto profundo na vida dos estudantes negros, afetando negativamente seu desempenho acadêmico e sua autoestima.
“É essencial valorizar a cultura afro-brasileira e empreender esforços para combater o racismo, visando promover um ambiente educacional mais equitativo”, afirmou.
A professora Juliana Romano, por sua vez, trouxe para o debate a urgência de uma mudança estrutural, que vá além da simples inclusão de conteúdos culturais no currículo escolar. “Essa transformação abrange os discursos, as práticas e até mesmo a forma como enxergamos as pessoas negras. Os dados mostram uma distorção alarmante, evidenciando altos índices de evasão e reprovação entre os estudantes negros. Para reverter essa realidade, a educação precisa passar por mudanças efetivas”, explicou. Juliana frisou, ainda, que não se trata de acusar a educação de promover discriminação, mas sim de questionar as relações raciais no ambiente escolar como parte essencial desse processo de transformação.
Ainda durante a formação, Luanna Meriguete Santos, do Instituto Unibanco, enfatizou a importância da promoção da equidade racial para o avanço da educação pública capixaba. “Não podemos ignorar a relação entre a redução da desigualdade educacional e a redução da desigualdade racial. Os dados de projeções de 2020 mostram que, no Espírito Santo, a cada 100 estudantes que entram no Ensino Fundamental, a expectativa é que 70 concluam, com taxas de abandono e distorção de idade-série preocupantes. Quando analisamos por raça e gênero, encontramos disparidades significativas da média geral, destacando as desigualdades enfrentadas pelas meninas e meninos negros. Essas estatísticas refletem a realidade nacional, mostrando a importância de enfrentarmos essa questão e pensarmos em ações de equidade racial na educação.”
Ao final do encontro, a analista de implementação de projetos do Instituto lembrou aos participantes da importância da ferramenta de autoavaliação disponibilizadas para as escolas na temática da educação para as relações étnico-raciais. Segundo ela, o uso da ferramenta é imprescindível para que as escolas compreendam melhor sua própria realidade e identifiquem pontos de melhoria no cumprimento da Lei n° 10.639/03. As escolas da rede estadual de educação capixaba têm até 30 de junho para finalizar esta atividade.
Caso tenha interesse em saber mais sobre as ações de equidade racial promovidas pelo Instituto Unibanco, é só clicar aqui.