Pesquisa revela percepção dos jovens de baixa renda sobre a escola e o Ensino Médio
Escolas desorganizadas, aulas sem conexão com a realidade e que não utilizam a tecnologia. Essas são algumas das percepções de adolescentes ouvidos pela pesquisa “O que pensam os jovens de Baixa Renda sobre a escola”. O estudo entrevistou mil pessoas de 15 a 19 anos, que cursam ou cursaram o Ensino Médio por pelo menos seis meses e que fazem parte dos 40% mais pobres de São Paulo (SP) e do Recife (PE).
Outras questões levantadas pelos jovens são a falta de correspondência entre a realidade da escola e a vivida fora do ambiente educacional e a falta de consenso sobre os principais objetivos do Ensino Médio – se deve formar para o ingresso na universidade ou para o mercado de trabalho. Entre as respostas, observou-se que o trabalho é percebido como importante não apenas pela ajuda financeira em casa, mas também para o consumo próprio de produtos e independência.
Os estudantes também não enxergam utilidade no currículo apresentado. Física, Sociologia e Literatura fazem sentido para menos de 20% dos entrevistados. Além disso, os jovens sentem falta do uso de tecnologia nas escolas: cerca de 70% têm acesso à internet em casa e 57% em celulares, mas 37% dos alunos nunca usaram o computador na escola.
O objetivo da pesquisa foi aprofundar os conhecimentos sobre os jovens nesta faixa etária e entender quais as percepções e atitudes em relação ao Ensino Médio, e como tais percepções influenciam, ou não, a trajetória educacional. Para Haroldo da Gama Torres, que coordenou o estudo, “esses aspectos relacionados à percepção podem ser trabalhados para que diminua a barreira da permanência dos jovens mais vulneráveis no Ensino Médio”.
O levantamento foi realizado em 2012 pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e a pesquisa concluída em junho de 2013. As entrevistas ocorreram em um ambiente fora das escolas, para que os jovens egressos também pudessem participar (51% dos entrevistados estavam matriculados no Ensino Médio) e aqueles que não tiveram uma boa experiência com a escola se sentissem mais à vontade para responder as perguntas. A pesquisa contou com o apoio da Fundação Victor Civita (FVC), do Banco Itaú BBA e da Fundação Telefônica Vivo.
A síntese da pesquisa está disponível em: http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/2012/pdf/jovens_pensam_escola.pdf
O PDF com a pesquisa na íntegra pode ser acessado em: http://www.fvc.org.br/fvc/estudos-e-pesquisas/2012/pdf/apresentacao_jovens_pensam_escola.pdf