Seminário Internacional de Educação Cidadã e Convivência Democrática, realizado pelo Instituto Unibanco em parceria com a Secretaria Estadual de Educação do RS debate clima escolar e saúde mental
Profissionais de educação acompanharam a abertura e palestra magna do evento, seguida por painéis que discutiram a educação vinculada aos temas de clima escolar e saúde mental
“A educação pública não escolhe aluno, acolhe aluno”. A frase é de Raquel Teixeira, Secretária de Educação do estado do Rio Grande do Sul, e foi dita durante o Seminário Internacional de Educação Cidadão e Convivência Democrática, realizado no último dia 12 de novembro no auditório do Instituto de Educação Flores da Cunha em Porto Alegre, pelo Instituto Unibanco em parceria com a Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc-RS).
Para uma plateia de cerca de 80 profissionais da educação da rede pública, pesquisadores e especialistas da área, o evento transmitiu ao vivo a abertura do superintendente-executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, e a palestra magna do professor da Faculdade de Educação e diretor do Centro de Políticas Educacionais Comparadas da Universidad Diego Portales (UDP), Cristián Cox. Na parte da tarde, as palestras foram presenciais e focadas no clima e saúde mental da comunidade escolar do Rio Grande do Sul.
A Secretária Raquel Teixeira abriu as palestras presenciais falando sobre o desafio da educação em tempos de redes sociais. “A escola é o lugar onde você aprende a conviver com a diferença, aprende a respeitar a diversidade. Eu apostei a minha vida inteira na escola pública como base da democracia, vou morrer acreditando e lutando por isso”, disse Raquel, ovacionada pela plateia.
Ela também destacou a importância de iniciativas para discutir a dimensão cidadã e a convivência escolar como espaço de formação em um mundo em constante transformação. “A escola de hoje não é mais aquela escola iluminista onde o saber e o conhecimento são os únicos direcionadores, o ser humano é multidimensional e o desafio do século XXI é fazer a religação de todos os saberes e garantir a escola como espaço de formação multidimensional” afirmou ela.
Thais Barcellos, do Centro de Educação Baseado em Evidências da SEDUC-RS, apresentou os números da pesquisa que aponta que o clima escolar brasileiro é o segundo pior entre todos os países avaliados no PISA 2018, atrás apenas da Argentina. Segundo ela, a percepção de clima escolar na rede estadual é melhor para os meninos nos anos finais do ensino médio, e vai piorando com o avanço das etapas.
“O clima escolar positivo interfere no processo de aprendizagem, promovendo motivação, bem-estar, diminuindo o absenteísmo, a evasão, a ansiedade, e ajudando no desenvolvimento socioemocional dos alunos. A escola é o primeiro contato com a sociedade, discutir e entender o clima escolar é super relevante para a gente entender e melhorar a realidade das nossas escolas e o desempenho dos nossos estudantes”, afirmou ela.
A psicóloga e fundadora da Vinculum Consultoria, Bianca Sordi Stock falou sobre a importância de cuidar da saúde mental dos profissionais de educação. “O melhor que nós podemos oferecer para nossos alunos somos nós mesmos, calmos, equilibrados e capazes de fazer as mudanças que necessitamos para educar para a paz”, afirmou ela.
Bianca também falou sobre a importância de os profissionais da educação terem espaço organizado nas escolas para serem ouvidos e acolhidos. “Muitas vezes a gente fica com raiva da criança. Temos que saber o que fazer com essa raiva, exercitar a pausa positiva para se autorregular e ser proativo no conflito. Isso incide diretamente na saúde mental do professor” finalizou ela.
A fundadora e diretora executiva do Vozes da Educação, Carolina Campos, falou sobre a escola resiliente, as competências socioemocionais e a escola sensível ao trauma para os profissionais que enfrentaram as enchentes que atingiram o estado esse ano. “Competências socioemocionais são habilidades ensináveis, que constam no currículo e na BNCC. O trauma não para na porta da escola, muitas vezes ele está por trás do comportamento desafiador, da dificuldade em estabelecer vínculos ou do apego excessivo, e da falta de atenção ou dificuldade de aprendizagem. Não é possível ensinar o cognitivo sem o afetivo”, disse Carolina.
Maria Lucia Voto, Gerente de Projetos do Instituto Ayrton Sena, fechou o seminário falando sobre a escola resiliente e acolhedora do ponto de vista das competências socioemocionais. Segundo ela, uma educação que prepara apenas para o sucesso acadêmico ou profissional não dará conta de garantir autonomia e entendimento para perseguir escolhas que resultem em uma vida melhor para o indivíduo e para a coletividade.
“Toda a bagagem que o aluno traz influencia na aprendizagem. Pesquisas mostram que estudantes que participam de políticas educacionais com foco no desenvolvimento socioemocional apresentaram melhora no desempenho acadêmico, nos indicadores de saúde física, mental e familiar, na redução de problemas emocionais e de conduta”, finalizou ela.