Webinário discute Equidade Racial nas escolas piauienses
Evento promovido pela Secretária de Estado da Educação do Piauí e pelo Instituto Unibanco é o quinto do ciclo de webinários para os profissionais da rede estadual de educação
No dia 23 de setembro, a Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc-PI) e o Instituto Unibanco realizaram o webinário Episódio 5: Educação para equidade racial, quinto encontro do Ciclo Gestão da Educação Piauiense, iniciado em abril. Com transmissão ao vivo e tradução em libras, o evento teve palestras de Alexsandro Santos, diretor Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo; Edneia Gonçalves, coordenadora executiva adjunta na Ação Educativa Assessoria Pesquisa e Informação; e Iraneide Soares, historiadora e coordenadora nacional do Consórcio Nacional dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros. As falas de abertura foram de Maria José Mendes Neta, diretora da Unidade de Ensino e Aprendizagem (Unea) da Seduc-PI; e Maju Azevedo, gerente de Implementação de Projetos do Instituto Unibanco. A apresentação ficou a cargo Cláudio Melo, representante da Gerência de Inclusão e Diversidade da Seduc-PI; e Viviane Carvalhedo, diretora do Canal Educação da Seduc-PI.
Abrindo o evento, Maria José reforçou a ideia de que Educação Pública de qualidade tem como princípio a busca pela equidade racial.
“A gente não pode fugir desse debate. Os últimos dados do IBGE, de 2018, revelaram que a maioria dos analfabetos do Brasil são negros. E cabe a nós traçar políticas públicas e ações para mudar esse cenário. A Educação Pública não avança se um grupo sempre estiver atrás”, declarou.
Em seguida, Maju lembrou a importância de a discussão sobre equidade racial ganhar mais destaque e força no cenário político, reverberando em ações mais ações efetivas, destacando o compromisso do Instituto Unibanco com a pauta.
“Temos que enfrentar essa questão reconhecendo que a desigualdade na educação é um espelhamento da nossa situação social e história, e que ela precisa ser enfrentada. Nós, brancos, precisamos realmente nos comprometer com uma posição antirracista. Portanto, precisamos olhar para o espaço escolar como uma oportunidade para enfrentar essa questão no presente, projetando um outro futuro para nosso país”, afirmou.
Iraneide Soares, por sua vez, trouxe um parecer histórico sobre a luta pelo fim das desigualdades raciais no Brasil. Segundo ela, é preciso entender que as atuais reivindicações, pautas e conquistas do movimento negro são fruto das lutas de muitas pretas e pretos desde o Brasil Colônia, como Zumbi dos Palmares e Catarina Mina.
“Há cinco séculos, já tinha gente lutando para que nossos filhos pudessem hoje ir à escola. Muito sangue foi derramado para isso ser possível nos dias de hoje. E isso não pode ser esquecido”, destacou.
Alexsandro Santos completou o debate convidando todos a refletirem sobre como a abolição da escravatura no Brasil colocou automaticamente a população negra como marginal, sendo assim excluída dos direitos sociais e da cidadania.
“Isso nos leva a entender que quando, nos tempos de hoje, falamos sobre educação antirracista, nós estamos falando sobre um processo de luta de tornar a Educação um direito para todas as pessoas. A Constituição de 1988 é um grande ganho nesse sentindo. Ela reconhece esse direito e pontua que um dos objetivos da República é reduzir as desigualdades raciais. Portanto, é obrigação do Estado Brasileiro lutar contra elas”, afirmou.
Já Edneia Gonçalves pontuou que o racismo no Brasil também tem uma esfera institucional, estando presente na escola como instituição. Por isso, é urgente pensar e trabalhar em prol da uma gestão escolar antirracista.
“Essa gestão precisa ter algumas condições, como: apoiar, orientar e monitorar os processos de formação e elaboração de atividades com foco no enfrentamento do racismo; considerar a escola como elemento central e integrante da comunidade em que está localizada; estimular a articulação de saberes da cultura e do território com saberes sistematizados pela ciência; e valorizar a presença de pessoas negras e indígenas em todas as etapas do processo educacional”.
Ao encerrar o evento, a dupla de apresentadores Cláudio Melo e Viviane Carvalhedo relataram a importância do webinário para o Piauí e destacaram os esforços da SEDUC-PI pela educação antirracista e a redução das desigualdades raciais em todo o estado.
“Nos próximos anos, estão garantidas as ações e os debates sobre equidade racial em nossas escolas. Os pontos falados neste webinário vão ajudar muito no nosso trabalho”, encerrou Viviane.
A íntegra do webinário Episódio 5: Educação para equidade racial está disponível em: