Fundada em 2005, a Associação Gira Mundo começou suas atividades no Ceará e no Rio de Janeiro. Em 2012, passou a atuar no Arquipélago do Bailique, que pertence a Macapá (AP), onde, em 2020, estabeleceu sua sede, mantendo parcerias nacionais e internacionais.

A instituição tem como propósito fortalecer os laços comunitários, empoderar populações em situações de vulnerabilidade social e garantir o direito de acesso à formação educacional, artística e profissional de crianças, jovens e adultos das comunidades ribeirinhas. “A região do Bailique sofre com o isolamento e é uma das comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas no Estado, enfrentando uma série de desafios como o assoreamento dos rios, a erosão da orla, que derruba as palafitas mais à beira do rio, a salinização da água, com o avanço do oceano, a falta de água e energia elétrica, além da ameaça à alimentação tradicional devido à pressão externa sobre a biodiversidade. Por meio de projetos de arte-educação e educação socioambiental, buscamos mobilizar a comunidade para que ela atue pela proteção do território e de seu modo de vida”, explicou Otávio Oscar, coordenador de projetos da associação.

A Tecno Barca é o maior projeto da associação, um ateliê galeria flutuante que, desde 2012, navega na região do Arquipélago do Bailique. O barco aporta nas comunidades ribeirinhas para promover encontros e diálogos com os moradores a partir de experiências e trabalhos que exploram as linguagens visuais, cênicas e o audiovisual. As oficinas são realizadas por artistas do Brasil e do mundo e que, a cada edição, propõem novas experimentações artísticas. Em 2022, a iniciativa teve o apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), trazendo na programação projeto de leitura e escrita, performances, produção de biojóias, oficinas de artes, sessões de cinema e rodas de conversa sobre questões socioambientais e climáticas do território. Em média, 160 crianças, jovens e adultos participaram das oficinas. A navegação da exposição Tecno Barca, que passa por 11 comunidades da região, chega a abranger um público rotativo de 500 moradores.

“Uma das experiências mais marcantes para nós também é o legado que estamos percebendo frutificar na região, pois hoje já é possível encontrar muitos jovens e adolescentes que participaram das oficinas de artes visuais e literatura e que acabaram seguindo carreira acadêmica nessas áreas em Macapá e, depois de formados, retornaram para o Bailique, onde estão empregados nas funções de gestores escolares e são considerados lideranças comunitárias”, ressaltou Wellington Dias, coordenador do Tecno Barca.

Impacto do Programa de Fortalecimento Institucional

No triênio da realização do Programa de Desenvolvimento Institucional, a Associação Gira Mundo se dedicou a trabalhar três desafios institucionais para fortalecer sua operação: aprimorar a gestão administrativa-financeira da organização, objetivo parcialmente atingido; elaborar e executar um plano de gestão estratégica, ainda não iniciado; e estruturar e tornar mais produtiva a equipe de captação de recursos, meta cumprida.

A associação contratou um profissional para se dedicar à captação de recursos, apoiando a elaboração e o envio dos projetos para aplicação em editais. Também conseguiu prospectar uma importante doação do Instituto Clima e Sociedade, além de conseguir financiamento para a realização do festival no Dia da Amazônia, evento que também ampliou a comunicação e visibilidade da organização.

Pensando justamente na disseminação de seu trabalho, a associação estruturou uma equipe fixa de comunicação com profissionais contratados para desenvolver as redes sociais, produzir conteúdos e editar vídeos, o que aprimorou a comunicação externa, atraindo possíveis doadores e patrocinadores.

A maior participação da comunidade foi outro aspecto que avançou no triênio do programa. A associação formou um conselho comunitário na região do Bailique, que se reúne periodicamente para compartilhar expectativas e demandas que contribuem para a tomada de decisão sobre as ações a serem implementadas.

A profissionalização da equipe também ganhou novos rumos com a contratação de pessoas que, até então, atuavam como voluntários.

“Hoje em dia conseguimos enxergar de maneira mais profissional e organizada setores como comunicação com o público, captação de recursos e gestão administrativa, implementando medidas que dobraram os investimentos na associação, trouxeram crescimento do número de associados, mais eficiência nos processos de gestão, uma divisão de tarefas mais dinâmica e, principalmente, mais visibilidade na mídia, nas redes sociais e entre agentes de interesse, como governantes e patrocinadores locais e nacionais”, reforçou Otávio Oscar.

Neste ano, o Gira Mundo pretende fortalecer ainda mais a interação e os laços com a comunidade e com as escolas parceiras, por meio de atividades contínuas, além de garantir uma comunicação externa bem-estruturada.

“O ano de 2022 teve para nós uma cara de profissionalização. Saímos de um trabalho voluntário para um trabalho mais profissional, resultando em uma gestão mais qualificada que coloca a Gira Mundo no lugar de protagonismo que ela merece.”

Otávio Oscar, coordenador de projetos