Atividade realizada em Juazeiro do Norte contou com a participação de 258 profissionais da rede estadual de educação cearense

A Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc-CE) e o Instituto Unibanco promoveram, em 2 e 3 de abril, em Juazeiro do Norte (CE), a formação “Estratégia de Gestão Escolar para Equidade Racial”. A ação marca a expansão da estratégia de sensibilização da gestão escolar para a equidade racial na rede, iniciada há dois anos em seis Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (CREDEs) em 210 escolas. Espera-se que, até o final do ano, 697  escolas estaduais de Ensino Médio do Ceará façam parte da iniciativa, que inclui um processo formativo e ferramentas para autoavaliação das escolas para que identifiquem suas principais potencialidades e fragilidades e, na sequência, elaborem mapas de ação que integrarão o plano de ação do Circuito de Gestão.

Destinada aos superintendentes, orientadores da Célula de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem (CEDEA), diretores, coordenadores escolares e professores coordenadores de área das CREDEs 16, 18 e 19, a formação abordou questões como a importância do letramento racial, as evidências das desigualdades raciais na educação e a estratégia da rede para a promoção da equidade racial nas escolas.

Ao abrir o encontro, a secretária da Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira ressaltou a relevância da iniciativa. “Eu gostaria de enfatizar o papel fundamental da educação, que é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade antirracista, que promova a equidade racial. É crucial compreender que, enquanto o racismo persistir, a democracia e a paz continuarão ameaçadas. Portanto, é imperativo que nos dediquemos a compreender e enfrentar as raízes históricas desse problema”, afirmou, fazendo menção à Lei 10.639/2003, que instituiu a necessidade de incluir no currículo escolar o estudo da cultura e história africana e afro-brasileira.

Em complemento à fala de Zelma, Helder Nogueira Andrade, secretário-executivo de Equidade, Direitos Humanos, Educação Complementar e Protagonismo Estudantil da Seduc-CE ressaltou que a formação representa um passo essencial na busca por uma educação mais justa e inclusiva. “Ao abordar questões como essas, estamos não apenas reconhecendo os desafios, mas também assumindo o compromisso de enfrentá-los. Portanto, ao nos dedicarmos à promoção da equidade racial na educação, estamos investindo não apenas no presente, mas também nas gerações futuras, na construção de um ambiente escolar verdadeiramente inclusivo e acolhedor para todos os estudantes”, explicou. Na ocasião, Helder também falou sobre a importância da campanha de autodeclaração em andamento na rede estadual de educação, que busca conscientizar a parcela que não autodeclara sua etnia sobre a relevância desta atividade, visando promover uma representação mais precisa da diversidade racial nas escolas e, consequentemente, fortalecer as políticas de equidade racial no sistema educacional.

Para Aécio Lucas de Oliveira, superintendente escolar na Crede 16 Iguatu, o Circuito de Gestão Cearense, metodologia do programa Jovem de Futuro, e o Sistema de Gestão para o Avanço Contínuo da Educação (SIGAE) serão fundamentais durante esse processo. “O circuito de gestão representa uma valiosa ferramenta para a organização e implementação das ações pedagógicas, assegurando que sejam conduzidas de maneira ordenada, com prazos e objetivos claros, e compartilhadas em toda a comunidade escolar. Ao integrar a equidade racial ao plano de ação, o compromisso com essa importante questão torna-se tangível. Essa integração proporcionará uma execução mais eficiente e aumentará significativamente as chances de alcançar resultados positivos”, disse.

Segundo ele, esse processo contribuirá para uma maior visibilidade da comunidade escolar sobre o tema e permitirá um monitoramento mais eficaz por parte dos gestores, das Credes e do próprio órgão central da secretaria. “O uso do Circuito de Gestão e do SIGAE no circuito de gestão desempenha um papel fundamental ao fornecer recursos essenciais para o monitoramento e acompanhamento dos resultados” destacou.

Já Sonia Taveira, professora coordenadora de área da escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Maria Leal Teixeira, destacou acreditar que, por meio das ações de equidade racial nas escolas, os índices educacionais dos estudantes tendem a melhorar significativamente. “Quando os alunos se sentem acolhidos e integrados em um ambiente escolar que valoriza sua identidade e respeita suas experiências, eles se tornam mais engajados e motivados para aprender. Na nossa escola, já testemunhamos essa transformação. Alunos que antes se sentiam deslocados ou desmotivados agora estão mais presentes e envolvidos em atividades educacionais. Ao garantir um ambiente inclusivo e acolhedor, estamos não apenas combatendo a evasão escolar, mas também criando as condições necessárias para que todos alcancem seu pleno potencial acadêmico e pessoal”, enfatizou.

Para Luciana Lima, coordenadora de Sustentabilidade de Programas e Projetos Educacionais do Instituto Unibanco, momentos formativos como esse, em que gestores escolares, coordenadores escolares e professores coordenadores de área passam por um momento de sensibilização do letramento racial, são fundamentais para gerar condições para enfrentar o racismo estrutural e suas consequências nas desigualdades educacionais. “Trabalhando em parceria com as escolas e apoiando a implementação de uma educação antirracista, almejamos incidir na redução do racismo estrutural nas escolas públicas dos nossos estados parceiros”, explicou.