36 horas de imersão, recheadas de muita aprendizagem, tecnologia, troca e diversão. Foi assim o último fim de semana (12 e 13 de novembro) de 40 jovens de 18 escolas estaduais do Espírito Santo. O IUHacK-ES, realizado no Sesc Cariacica, foi organizado pelo Instituto Unibanco e pela Secretaria de Educação do Espírito Santo, em parceria com o Instituto Educadigital. A proposta do encontro, inspirado nos hackatons, é criar um ambiente instigante, dinâmico e ao mesmo tempo descontraído para que os estudantes possam pensar em soluções utilizando a tecnologia a favor da aprendizagem e da gestão escolar.

Para isso, são realizadas dinâmicas que visam estimular nos jovens a reflexão sobre a escola que desejam e como contribuir para que ela se torne realidade. Essas atividades são intercaladas por oficinas que buscam instrumentalizá-los para que tenham a tecnologia como aliada nessa construção.

A programação prevê ainda momentos de lazer e a ambientação do espaço inclui pufes, barracas e colchões infláveis para descanso, videogames, violão e videokê, além de – claro – wifi livre para todos. “Contamos com a dedicação de vocês mas também queremos que vocês tenham liberdade e façam a autogestão do tempo. Temos uma programação intensa, mas contamos com a tranquilidade e a leveza de que vamos fazer as atividades e nos divertir muito”, ressaltou Natalia Ainsegart, responsável pela agenda de Juventudes no Instituto Unibanco na abertura do encontro, que contou ainda com a presença do secretário estadual de Educação, Haroldo Rocha.

Reprogramando a mente
E se no início das atividades os jovens pareciam tímidos e ainda tentavam entender melhor a proposta do evento e se conhecer, ao longo do tempo foram se soltando e se integrando. Dentre as oficinas realizadas no primeiro dia, a de robótica, na qual foram passadas noções básicas de programação para emitir comandos a um robô, foi uma das que mais chamaram a atenção dos meninos e meninas.

Alan Moreira, educador responsável pela oficina, falou aos estudantes sobre alguns princípios da cultura hacker: “Hackear é usar o conhecimento em favor da comunidade”, explicou. “O melhor software que existe é a nossa mente, porque você pode se reprogramar a toda hora”, comparou.

A oficina ajudou a desconstruir alguns sensos comuns sobre o tema. “Achei bem interessante, nunca tinha mexido com isso. É uma experiência nova, que eu vou levar para a vida”, afirmou Lorraine Vicente, estudante do 1º ano do Ensino Médio, uma das sete meninas participantes (de um total de 40 jovens). “Hacker tem a ver com conhecimento. Não tem nada a ver com o que a gente acha; pensava que era coisa de nerd”, complementou.

Clareza da escola que querem
O IUHack culmina com a apresentação ao final dos chamados “protótipos” pelos jovens – projetos elaborados com o objetivo de fazer frente a desafios presentes no cotidiano escolar. No Espírito Santo, os grupos se concentraram principalmente na questão de como facilitar a comunicação na escola (entre alunos, entre alunos e professores, entre alunos e funcionários da escola), como possibilitar a participação dos estudantes na gestão e como tornar as aulas mais interessantes.

As propostas apresentadas destacaram-se não só pela criatividade, mas pela simplicidade e viabilidade. Por exemplo, um aplicativo para melhorar a comunicação entre professores e estudantes, com funcionalidades como chat online, boletim eletrônico e indicações de bibliografia complementar. Outro grupo propôs o desenvolvimento de um aplicativo para constituição de um grêmio estudantil virtual. Também teve a sugestão da realização de campanhas mesclando jogos e quiz para valorização dos profissionais responsáveis pela limpeza nas escolas, entre outras ideias.

Para a gerente de Ensino Médio da Sedu-ES, Andrea Guzzo, o IUHack só reforçou a necessidade e a urgência de dar voz aos estudantes na busca por uma educação que melhor atenda às características e demandas da juventude atual. “Me chama muito a atenção como eles têm muito claro o que querem. Às vezes, nós, adultos, educadores formados, de uma geração diferente, temos muita dificuldade de propor soluções”, observou.

Andrea garantiu que os projetos elaborados pelos estudantes serão compartilhados com toda a rede. “Temos aqui não só o secretário [de Educação], mas também representantes da superintendência regional, da assessoria de tecnologia e da área de currículo. Mas é preciso ampliar, levar para os gestores, porque a escola é o espaço em que as coisas acontecem. Esse momento pode trazer sinais de como a gente pode abrir esse espaço para que isso aconteça nas escolas não como algo pontual mas como uma prática necessária na rotina da escola”, frisou.

Agenda de Juventudes do IU
O IUHack é uma das ações do Instituto Unibanco que visam ampliar os canais de diálogo com as juventudes. Em 2015, um hackaton com a participação de 48 estudantes foi realizado na Escola Estadual Joaquim Braga de Paula, localizada na Zona Leste de São Paulo (SP) e serviu como experiência piloto. Em 2016, a proposta foi aprimorada, com apoio do Instituto Educadigital, e assim nasceu o IUHack. Realizado em parceria com as secretarias de Educação dos estados parceiros do Jovem de Futuro, o evento já teve este ano edições em Aparecida de Goiânia, em Goiás, e em Teresina, no Piauí, além da de Cariacica, no Espírito Santo. Estão previstos IUHacks em Sobral, no Ceará, nos dias 26 e 27 de novembro, e em Marabá, no Pará, em 3 e 4 de dezembro.