Protagonismo juvenil estimulado pelo projeto também contribuiu para escola tornar-se referência em sustentabilidade

Com apenas quatro anos de existência, a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Jaime Tomaz de Aquino, no distrito de Forquilha, Beberibe (CE), tornou-se uma referência em educação para a sustentabilidade. Parceira do Programa Jovem de Futuro, a escola desenvolve, desde sua inauguração em 2019, uma série de ações conectando educação e meio ambiente, além de um amplo projeto de protagonismo estudantil. Entre dezenas de resultados positivos, o trabalho rendeu à unidade o “Selo Escola Sustentável”, concedido pela Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc-CE) e uma colocação entre as dez melhores do mundo na edição 2023 da premiação World’s Best School Prizes, na categoria “ação ambiental”.

Quando assumiu a direção da escola recém-criada, o educador Sandro Rebouças aproveitou sua bagagem para enfrentar o desafio. “Eu queria criar uma identidade para a escola e, como sempre fui adepto do ecoturismo, dos passeios no rio, praia, pescarias, acampamentos, essas minhas vivências também facilitaram para que eu pudesse colocar em prática um trabalho de sustentabilidade dentro do ambiente escolar”, recorda. Mas o cenário trazia algumas dificuldades: localizada no sertão, a escola atendia estudantes em situação de vulnerabilidade. Na região, 90% da população era formada por agricultores, em uma economia que gira em torno do cultivo do caju.

As ações começaram pela mobilização dos profissionais da escola, por meio de conversas, seguida pela divisão de prioridades e de tarefas, até o compartilhamento das iniciativas com os estudantes. Logo que foi inaugurada, a unidade, com 10 mil m² de terreno, não tinha plantas. Então, a primeira ação coletiva consistiu no plantio de árvores, como ipê roxo, cajueiro, flamboiã, mangueira, muitas delas espécimes pertencentes à vegetação do litoral, como forma de criar uma identidade que se identificasse com o Ceará como um todo. Outro trabalho foi a conscientização dos estudantes sobre a importância de manter a escola limpa, o que foi feito em parceria com o Grêmio Estudantil.

Para o diretor, o Jovem de Futuro ajudou o Ceará, e particularmente sua escola, a serem mais inclusivos e a incentivar o protagonismo juvenil. “Em conjunto com o Instituto Unibanco, o estado do Ceará hoje trabalha priorizando a questão da equidade e do respeito à diversidade. Exemplo disso é que nossa escola tem um grupo de acolhimento feito pelos alunos LGBTs com os professores. É uma coisa assim que traz frutos incríveis. Tudo a gente resolve, conversa e dá o direcionamento dentro da própria escola”, explica.

Durante a pandemia, o projeto teve de se transformar para continuar funcionando. Entre várias ações, um curso de fotografia ajudou os estudantes a compartilharem suas realidades com os colegas: “Cada um na sua lagoa, no seu açude, no seu quintal, mandando foto para ver qual era a foto mais bonita”, lembra Sandro.

Após a volta das aulas presenciais, as atividades focadas em sustentabilidade foram retomadas, englobando aulas sobre resíduos tóxicos, atividades de campo sobre reciclagem, participação em eventos sobre preservação da natureza, campanhas de conscientização sobre o uso de energia, coleta seletiva de resíduos, jardins suspensos feitos de garrafas recicladas e telhados verdes, entre outras ações. Tudo isso rendeu à escola o “Selo Escola Sustentável” concedido pela Seduc-CE, bem como o destaque de “ação ambiental” na edição 2023 do World’s Best School Prizes, entre outras premiações.

Sandro acredita que o Jovem de Futuro vem ajudando também outras escolas a se conectarem com suas comunidades, propiciando a aprendizagem para além dos muros. “São muitas as frentes de atuação. A promoção da equidade e o acompanhamento para a recomposição são trabalhos desafiadores, mas são possíveis. É uma mentalidade que o estado tem conseguido mudar com essa parceria do Instituto Unibanco”, afirma.