Secretaria de Estado da Educação de Goiás e Instituto Unibanco debatem a construção de uma escola antirracista
Gestores e estudantes da rede de ensino de Goiás relataram experiências de aprendizagem que valorizam a cultura e o povo negro
Em 30 de novembro, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (SEDUC-GO) e o Instituto Unibanco promoveram o webinário Educação antirracista em Goiás: reflexão a partir de algumas experiências. Com abertura de Fátima Gavioli, secretária de Educação de Goiás, e Tiago Borba, gerente de planejamento e articulação do Instituto Unibanco, o evento contou com a participação de Gislene Mendes Maciel, gestora do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR); Rita Cássia Pessôa de Souza, diretora do Colégio Estadual Quilombola Jardim Cascata em Aparecida de Goiânia (GO); e Karenn Christina Santos da Hora e Rafael Teles Oliveira, estudantes do CEPI. Com transmissão ao vivo pelo YouTube e tradução em libras, a mediação ficou a cargo de Jordana Avelino dos Reis, professora de língua espanhola na rede pública estadual de Goiás.
Gislene Mendes deu início ao debate compartilhando sua percepção na mudança do perfil da juventude ao longo dos últimos anos. Para ela, a atual geração de jovens é empoderada e sabe questionar, propor mudanças e protagonizar lutas pelas diversas pautas identitárias. Como gestora escolar, ela acredita que a escola deve estar atenta às questões trazidas pelos jovens e incorporá-las no processo educacional. Em seguida, Gislene apresentou um vídeo com trabalhos artísticos desenvolvidos interdisciplinarmente com a valorização da arte e do povo negro.
“Na nossa escola, o antirracismo não é só trabalhado em novembro, no mês da consciência negra. Esse tema é trabalhado durante todo o ano e não só no espaço da sala de aula, mas também em outros momentos, como nos intervalos, por exemplo.”, afirmou.
Em seguida, Rita Cássia Pessôa partilhou sua experiência de trabalho e reforçou a importância das temáticas raciais serem abordadas ao longo do ano de forma interdisciplinar, por meio de projetos especiais e também nas aulas regulares. Como exemplo, citou o uso de autores negros nas aulas de Português e Literatura e o uso de dados estatísticos relacionados às desigualdades raciais em Matemática.
“Nós trabalhamos as questões do racismo, do preconceito e do empoderamento todos os dias com projetos, parcerias com institutos e mesmo com profissionais de outras instituições que atuam com o tema”, lembrou.
O estudante Rafael Teles falou sobre suas vivências como um jovem negro. Ele destacou o quanto o racismo é presente em sua vida. Por ser negro e periférico, muitas vezes é visto como alguém perigoso e violento. E sendo poeta, muitas vezes só é chamado para falar ou escrever sobre racismo, e não considerado para outros assuntos.
“Na minha escola, o protagonismo juvenil é muito valorizado e serve para ajudar na desconstrução de pensamentos racistas na sociedade. Muitas vezes, temos palestras na escola que são feitas pelos próprios estudantes”, mencionou.
A estudante Karenn Christina complementou as falas do colega, compartilhando um projeto muito relevante implementado por sua escola, o Intervalo Cultural. A cada duas semanas, os estudantes podem apresentar suas manifestações artísticas durante o intervalo.
“Muitos falam que os jovens são o futuro, então é preciso mais educação e mais liberdade de fala. Precisamos ficar à vontade na escola para nos expressarmos”, destacou a jovem.
Por fim, a mediadora do evento, Jordana Avelino, leu alguns comentários do público e destacou a importância da implementação de formações antirracistas para os educadores brasileiros.
“Esperamos ansiosamente pelas capacitações para que os docentes possam trabalhar melhor esse assunto. A Educação é a possibilidade de um futuro melhor para nossa juventude”.
Confira o webinário completo Educação antirracista em Goiás: reflexão a partir de algumas experiências: