Webinário discute o aumento das desigualdades na pandemia e medidas de recuperação da aprendizagem
Evento realizado pelo Instituto Unibanco em parceria com Geledés Instituto da Mulher Negra reuniu especialistas para debater o caminho para garantia de uma educação equalitária
No dia 7 de abril, o Instituto Unibanco realizou, em parceria com Geledés Instituto da Mulher Negra, o webinário Desigualdades e recuperação da aprendizagem na pandemia. Com abertura de Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto, e de Suelaine Carneiro, coordenadora do Programa de Educação do Geledés, o evento teve a participação de Rosamaria Cris Silvestre, diretora da Escola Municipal Infantil Orígenes Lessa, em São Paulo (SP); Jorge Felizardo, diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Vereador Antonio Sampaio, em São Paulo (SP); e Zara Figueiredo Tripodi, professora do Departamento de Educação da Universidade Federal do Ouro Preto (UFOP). A mediação foi de Jaqueline dos Santos, consultora em Promoção da Equidade de Raça e Gênero do Geledés.
Abrindo o evento, Ricardo Henriques falou da necessidade de pensar as demandas específicas impostas aos estudantes durante a crise, que são diferentes de acordo com a realidade de cada um. “As dificuldades de acesso ao ensino remoto são diferentes para os estudantes mais vulneráveis, negros, de periferias urbanas, indígenas e quilombolas. Como é que vamos garantir o direito a aprender para os mais de 36 milhões de estudantes da Educação Básica Brasileira?”, questionou.
Em seguida, Suelaine Carneiro destacou a importância de combater o racismo, que afeta a vida escolar das crianças e dos adolescentes. Segundo ela, a crise gerada pelo fechamento das escolas tornou mais perceptíveis as desigualdades sociais. “Se elas se apresentam de forma perene nos diversos levantamentos sobre educação no Brasil ao longo das últimas décadas, foram acentuadas com a pandemia. Os impactos da crise foram desproporcionais nas pessoas mais vulneráveis da nossa sociedade. E essa situação é determinada pela cor, pelo gênero, pela renda, pelo território que elas habitam”, afirmou.
Rosamaria Cris Silvestre, por sua vez, compartilhou suas experiências na garantia da aprendizagem durante a pandemia como gestora de uma escola de educação infantil. Para ela, os desafios foram diferentes para gestores, docentes e familiares das crianças, e foi necessária uma grande parceria entre esses grupos. Na escola em que trabalha, foram implementadas medidas como: criação de um horário exclusivo de atendimento do professor para cada criança, buscando conciliar com os momentos disponíveis tanto dos responsáveis, quanto dos recursos tecnológicos; e a criação de uma comissão interna para acompanhar as situações e demandas das famílias. “Em nenhum momento a escola parou, ela foi para além do espaço escolar. A educação, quando é para todos, ultrapassa os muros da escola. A pandemia deixou isso ainda em maior evidência”, pontou.
Complementando as colocações dos demais, Jorge Felizardo afirmou que a pandemia fez com que os gestores se reinventassem e repensassem seus papéis na garantia do direito à educação. Ele afirmou sobre a importância de a sociedade entender a escola como uma política pública fundamental no enfretamento da crise. “A formação de política pública prima por alguns processos, como: problemas a serem resolvidos; contexto político e social estabelecido; disponibilidade de recursos; e elaboração de soluções para esses problemas. O diretor escolar precisa ter entendimento disso para guiar seu trabalho”, destacou.
Por fim, Zara Figueiredo Tripodi trouxe reflexões sobre como deve ser pensada a educação pública no pós-pandemia. Segundo levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), em 2019 havia uma diferença, em média, de dois anos de aprendizagem entre estudantes paulistas negros e brancos. Para traçar novos caminhos, segundo ela, é necessário ter ciência dos problemas de antes da pandemia e como foram acentuados; delimitar as metas com muita clareza, pensando o território e a fase educacional dos estudantes; aproveitar as ações que deram certo durante o período remoto e garantir o princípio de justiça social na Educação Básica. “Os estudantes mais vulneráveis, e em boa parte negros, não poderão dizer que 2020 não existiu. O ano foi muito marcante para eles, com danos profundos. A sociedade e o Governo Federal precisam assumir o compromisso de rever e garantir esse retorno ou não conseguiremos manter uma democracia sólida no Brasil”, afirmou.
Para ter acesso ao material da apresentação da professora Zara Figueiredo Tripodi, acesse aqui.
Para assistir ao webinário Desigualdades e recuperação da aprendizagem na pandemia, acesse:
Educação Híbrida: Uma oportunidade de transformação
O próximo webinário do ciclo Educação para Juventudes, no dia 14 de abril (quarta-feira), discutirá a Educação Híbrida: Uma oportunidade de transformação. Para o debate, foram convidados Claudia Costin, diretora do CEIPE – Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais – FGV e Vinicius Wu, Secretário de Educação de Niterói/RJ. Com tradução em libras, o encontro será transmitido ao vivo, a partir das 16h, pelo canal do Instituto Unibanco no YouTube.