Evento promovido pela Seduc-GO contou com a apresentação de iniciativas de oito coordenadorias regionais de educação no combate ao abandono e à evasão escolar 

A Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc-GO) e o Instituto Unibanco promoveram, em 12 de agosto, o seminário Busca Ativa: boas práticas desenvolvidas em Goiás, focado no compartilhamento de ações exitosas no combate ao abandono e à evasão escolar. Com abertura em vídeo da secretária de educação Fátima Gavioli e transmitido ao vivo pelo YouTube, o evento teve a participação de Alessandra Gotti, presidente-executiva do Instituto Articule, e Gabriel Medina, coordenador de Implementação de Projetos e Políticas Educacionais do Instituto Unibanco, além das falas de assessores pedagógicos e gestores escolares do estado. A mediação foi de Patricia Morais Coutinho, superintendente de Organização e Atendimento Educacional da Seduc-GO.  

 Ao dar as boas-vindas aos participantes, Patrícia Coutinho lembrou da importância de garantir a permanência dos estudantes goianos nas escolas. “Hoje, falamos sobre o Dia D da Busca Ativa, do direito do estudante, que começa no acesso, quando garantimos a vaga do estudante, que perpassa pela permanência e que chega até a sua aprendizagem”, afirmou. 

 Em seguida, Alessandra destacou a necessidade de se comparar os dados pré e pós-pandemia para que se identifique o tamanho do desafio existente. “Antes da pandemia, tínhamos 1,4 milhão de crianças e adolescentes fora da escola, e menos de 50% das crianças estavam alfabetizadas na idade certa. Esses dados se agravaram na pandemia, quando 5,1 milhões de crianças ficaram sem acesso à educação. Isso aponta um retrocesso, segundo o Unicef, de cerca de duas décadas. É com base em ações realizadas nas escolas que conseguiremos lidar com esses desafios”, disse. 

 Após a apresentação da especialista, representantes de oito coordenadorias regionais de educação (CREs) do estado foram convidados a compartilhas as práticas exitosas realizadas em seus territórios. O primeiro deles foi o professor Kleomar Norberto, assessor pedagógico da CRE de Itaberaí, que falou sobre o “Apadrinhando Estudantes: Acolher e acompanhar para permanecer”, realizado pela regional em parceria com as unidades escolares. A iniciativa identifica os estudantes em rota de abandono e evasão escolar e, a partir disso, realiza um acompanhamento, com mensagens, ligações e visitas aos estudantes. “Na primeira semana de trabalho, a tutoria buscou junto com a unidade escolar quem eram esses estudantes que já estavam resgatados, e quem são os estudantes propensos ao abandono e a desistência. Estamos hoje com 26 estudantes apadrinhados pela CRE e a nossa intenção é que no mínimo alcancemos 65% dos estudantes identificados no monitoramento”.  

 Já Luiz Manso, assessor pedagógico da CRE de Goiânia, trouxe informações sobre um plano de ação colaborativo, intitulado “Anjo da Guarda”. Diante do diagnóstico de ansiedade, desmotivação, lacunas de aprendizagem e vulnerabilidade socioeconômica, a ação tem como objetivo acolher os estudantes e estreitar os laços com seus colegas, além de gerar motivação para os estudos, por meio da colaboração entre os próprios jovens, de modo a gerar um apoio mútuo na superação dos desafios.

“Nós começamos com os estudantes, um ajudando o outro, um sendo o anjo da guarda do outro, e esses estudantes levam os demais a participarem”, explicou. 

 Osinei Soares, assessora pedagógica representante da CRE de Formosa, compartilhou, em seguida, o “Monitoramento Efetivo”, que consiste em um monitoramento da frequência diária de todos os estudantes da regional, que tem como foco impedir três faltas consecutivas. “Já na primeira falta, a unidade educacional liga para o estudante para entender o motivo da falta. Se no outro dia, acontece uma nova falta, nós não esperamos a terceira falta acontecer. Vamos in loco conversar com a família e fazer o resgate daquele estudante”, afirmou. 

 Já Marcos Alves, assessor pedagógico da CRE de Ceres, trouxe informações sobre a ação “Fora da escola, não pode”, realizada pelo Colégio Estadual Virgilio do Vale, que visa usar a tecnologia para conectar todos os atores da Busca Ativa. De acordo com ele, a ação se caracteriza pelo registro coletivo através de uma Planilha de Monitoramento disponibilizada no OneDrive, detalhando quem é o aluno, como e quando foi feito o contato, além da apuração da ausência deste estudante.  

 Fláudio Ramos, assessor pedagógico de Anápolis, por sua vez, falou sobre a Carta de Compromissos Psico-Educacional, uma ação de Fortalecimento da Rede de Proteção que envolve, além da regional, escolas e famílias, outras entidades e parceiros, como conselho tutelar, ministério público, polícia militar e polícia civil, para, em conjunto, efetuar o resgate e a recuperação dos alunos.

“Fazemos um monitoramento em tempo real e as escolas vão anotando os alunos faltosos. Com três faltas consecutivas, alimentamos a planilha para sabermos quando eles saíram e o que podemos fazer para resgatá-los. Em seguida, os alunos são acolhidos pelas escolas, que executam ações de permanência e recuperação de aprendizagem”, disse.

 Em seguida, Veronica Vilela e Juliana Souza, assessoras pedagógicas das CREs de Palmeiras e Trindade, respectivamente, apresentaram a “Ação Integradora de Busca Ativa”, uma iniciativa conjunta realizada pelas regionais. A iniciativa tem como proposta a corresponsabilização de CREs e unidades escolares na ação de busca ativa, além da promoção do protagonismo dos estudantes, por meio do projeto #DivulgaAê, que têm a possibilidade de produzir vídeos curtos convidando seus colegas para retornar e permanecer frequentando a escola.  

 A penúltima prática apresentada foi a “Ninguém fora da escola”, promovido pela CRE de Morrinhos. Segundo Marilinner Martins, supervisora do ensino fundamental na regional, a iniciativa objetiva a mitigação do abandono e evasão, a permanência do aluno na escola e a redução das desigualdades.  Para isso, a ação conta com Equipes de Apoio que identificam e sistematizam os casos de evasão, realizam visitas domiciliares para identificar as causas da infrequência e ainda fazem ações de busca ativa nas redes sociais. “Essa ação é fortalecida pelo engajamento dos estudantes protagonistas, agentes jovens, e pelos membros do grêmio estudantil”, disse.  

 Por fim, Fabiana Cabrine, professora do Ensina Brasil da CRE de Luziânia, apresentou o projeto “Colega Anjo”, desenvolvido na unidade escolar Vasco dos Reis e aplicado nas turmas do 7° ano. “O objetivo desse projeto era, justamente, conseguir trazer os alunos de volta para a sala de aula depois da pandemia”, explicou. Para tanto, foram criados grupos de estudantes, em que todos os integrantes tinham uma função: o cuco, responsável pelos prazos de atividades e provas; o relator, responsável pela comunicação com a professora; e o redator, que fica responsável pelo relatório das atividades do grupo, além do líder, que é quem define as funções dos demais. Com isso, os alunos eram incentivados a localizar os colegas que faltaram e justificar essas ausências de maneira informal ao professor, além de compartilhar com os colegas o conteúdo da aula e recolher as tarefas.  

 Encerrando o seminário, Gabriel Medina, coordenador de Implementação de Projetos e Políticas Educacionais do Instituto Unibanco, apresentou o panorama das juventudes brasileiras, destacando que quase ¼ da população é formada por esse grupo, que sofre com as desigualdades, com o desemprego, com a informalidade, baixa remuneração e precarização do mercado de trabalho, lembrando que o impacto é maior entre os jovens negros.

“Como o jovem tem visto pouca perspectiva de futuro, muitas vezes ele não tem visto sentido em ficar na escola, e essa ideia do sentido da escola nós temos que construir, para que a gente possa melhorar”, explicou. Segundo ele, as estratégias de busca ativa devem combinar ações intersetoriais, com as mais variadas pastas, e intergovernamentais, com conexão com a estratégia de assistência social, observando os mais vulneráveis. “É fundamental também ter o engajamento dos estudantes, dos colegas, nas estratégias que possam ser mais aderentes, como vimos aqui nas práticas. Eles são criativos, conhecem e sabem como conversar com os colegas”, reforçou. 

 A íntegra do seminário Busca Ativa: boas práticas desenvolvidas em Goiás está disponível em https://youtu.be/_-07pjdM7nQ.