Perda de aprendizagem na pandemia afeta futuro dos jovens
A pandemia da covid-19 teve impacto em todas as áreas da sociedade, mas a educação está entre as mais afetadas. Os impactos terão efeitos a longo prazo, como aponta a pesquisa do Instituto Unibanco e do Insper sobre a Perda de aprendizagem na pandemia.
Com um cenário mais favorável, considerando o avanço da vacinação no Brasil e no mundo, em especial a de crianças e adolescentes, 2022 pode ser um ano para recuperação da aprendizagem. O caminho ainda é longo, mas é possível reverter. Será necessário buscar um retorno seguro, tendo a vacina como grande aliada, e também considerar o ensino híbrido, o uso das tecnologias e a garantia de que os estudantes tenham acesso à educação nesse contexto de retomada. Todas essas medidas são urgentes, pois a aprendizagem teve quedas significativas e, caso ações não sejam tomadas, esses efeitos negativos podem ser ainda maiores.
Perda de aprendizagem: situação do Ensino Médio
O desempenho dos alunos é medido em pontos na escala Saeb considerando o aprendizado de língua portuguesa e matemática. A média dessa pontuação entre os estudantes brasileiros antes da pandemia não se encontrava em seu auge, mas teve quedas alarmantes e que vão ter impacto financeiro na vida de milhões de jovens brasileiros. Isso porque, com baixos índices de aprendizado entre os estudantes, há maior evasão, e consequentemente eles ficam menos preparados para o mercado de trabalho, que por sua vez exige cada vez mais capacitação.
Os estudantes brasileiros em contextos anteriores à pandemia aprendiam durante o Ensino Médio 20 pontos na escala Saeb. De acordo com a pesquisa, aqueles que estão no Ensino Médio atualmente já perderam 10 pontos em matemática e em língua portuguesa. Para se ter uma ideia, um ponto a menos de proficiência nessa escala significa uma redução de 0,5% na remuneração do trabalho ao longo de toda a vida, e considerando o valor presente da remuneração de um jovem com o Ensino Médio completo, que é de R$ 430 mil, perder 10 pontos significa que ele deixará de ganhar R$ 21 mil trabalhando.
Caso não sejam compensadas essas perdas na proficiência geradas pela pandemia, as gerações de hoje terão grandes déficits em seus futuros salários, o que impacta a qualidade de vida e as possibilidades de acesso à educação, cultura e outros bens. Para o conjunto dos estudantes no Fundamental e Médio, o valor da perda supera os R$ 700 bilhões, caso estratégias de recuperação não sejam adotadas.
Formas de mitigar as perdas
Apesar dos números e do iminente desafio, é possível mitigar entre 35% e 40% das perdas em proficiência decorrentes da pandemia. Mas, para isso, é preciso que uma série de medidas sejam tomadas o mais rápido possível, entre elas destacam-se:
- Dobrar o engajamento dos estudantes;
- Adotar um ensino híbrido bem estruturado e de grande alcance;
- Garantir o retorno seguro e eficiente ao presencial;
- Assegurar uma eficácia 50% maior no ensino;
- Combinar a otimização do currículo com ações voltadas para a recuperação e aceleração do aprendizado.
Não foram somente os estudantes brasileiros os afetados, em todo o mundo os efeitos da pandemia na educação são sentidos, mais ainda em países de baixa e média renda que não conseguiram, por questões políticas, sociais e econômicas, promover a educação remota emergencial. Assim, é fundamental que as ações necessárias para reverter tal cenário sejam cobradas e acompanhadas pela sociedade.