Tecnologia na educação, ensino híbrido e inovação pedagógica
Abordar assuntos relacionados à tecnologia na educação não é só uma tendência, é uma necessidade. Isso porque essas pautas afetam diretamente o cotidiano escolar e o futuro dos estudantes, principalmente em tempos de ensino híbrido.
As mudanças aceleradas pela pandemia da Covid-19 nos levam a um contexto no qual é ainda mais fundamental pensar e discutir como a tecnologia pode ajudar a melhorar a educação pública no país. Por isso, entender mais sobre as temáticas é um bom ponto de partida para chegar a soluções.
O que é tecnologia na educação?
A expressão “tecnologia na educação” tem sido muito usada nos últimos dois anos e engloba uma série de ferramentas que otimizam as técnicas de ensino-aprendizagem. Mas se engana quem pensa que essa tecnologia é somente um processo de inserção de computadores, lousas digitais e outros aparelhos nas salas de aula. Esse processo de informatização da educação é antigo e acompanha as mudanças tecnológicas sociais – em um ritmo mais lento.
No começo dos anos 2000, por exemplo, os projetores, fotocopiadoras, DVDs e outras ferramentas passaram a fazer parte do dia a dia escolar. Assim como as tecnologias avançam, seus usos em sala de aula também. Afinal, há mais possibilidades de captura, armazenamento e transmissão de informações.
Esse uso de tecnologia em sala de aula expõe as desigualdades na educação. Em um contexto social em que sequer existe o acesso à essa tecnologia, construir avanços da digitalização nos sistemas públicos de ensino ainda é um desafio a ser superado.
Ensino híbrido e inovação pedagógica
Após o período de isolamento social vivido entre 2020 e 2021, a aceleração da vacinação possibilitou o retorno parcial às salas de aula e forçou os sistemas de educação a encontrarem alternativas para garantir o ensino. Mas, quando falamos de ensino híbrido, não podemos nos limitar a pensar nesse modelo que mescla distância e presencial, é necessário considerar a mescla entre presencial e online.
De acordo com a norma técnica do CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), um ensino híbrido deve ser complementar, isso porque ele deve integrar as tecnologias digitais presencial ou remotamente num processo de aprendizagem contínuo. O CIEB também aponta a existência de alguns modelos de ensino híbrido, são eles:
- Laboratório rotacional
- Rotação individual
- Rotação por estações
- Sala de aula invertida
- Modelo flex
- Modelo à la carte
- Modelo virtual aprimorado
Ou seja, há uma variedade de modelos que podem ser aplicados para promover diferentes experiências educacionais, mas isso ainda não é realidade para todos
Aparatos tecnológicos já eram usados na educação privada, que conseguiu facilmente se adaptar com a chegada da pandemia e necessidade do ensino à distância. O ensino à distância já se consolidou como prática pedagógica no Brasil e é muito comum em cursos de graduação e pós-graduação. No entanto, o ensino público foi afetado de maneira importante, especialmente nas regiões mais vulneráveis do país. Por isso a relevância do debate sobre ensino híbrido, suas potencialidades e limitações, considerando o contexto das escolas públicas e as condições de acesso às tecnologias tanto por parte dos estudantes e de domínio desses recursos pelos professores.
Já a inovação pedagógica é a busca por ações de melhoria para os processos de ensino-aprendizagem, mas essas soluções não precisam ser necessariamente tecnológicas. Tudo depende do que se tem à disposição e especialmente dos objetivos almejados. Por exemplo, é possível alcançar melhores resultados na aprendizagem com uma sala de aula invertida, como feito na E. E. E. F. M. Augusto Meira (Belém-PA), onde os estudantes têm acesso a vídeos e conteúdos antes da temática ser ministrada em sala de aula. Dessa maneira os alunos participam de forma mais ativa e dinâmica, pois eles podem trazer dúvidas e buscar conhecimento complementar.
Desafios na rotina escolar
Apesar dos benefícios que a inovação pedagógica e em especial a tecnologia podem trazer para o mundo da educação, é fundamental reconhecer os desafios para a aplicação de algumas soluções nas escolas públicas brasileiras.
Ainda precisamos de investimento para que as ferramentas cheguem até os alunos. A aprovação da lei da conectividade – LEI Nº 14.172, por exemplo, que prevê o repasse de verba para estados e municípios garantirem serviços de internet para alunos e professores da rede pública, é um caminho para começar a diminuir as desigualdades do acesso à conectividade. Mas vale destacar que ela é fruto de movimentos que lutam para dotar as escolas públicas de meios que possibilitem acesso à internet e outras tecnologias.